Acampados nas imediações da sede da Superintendência Regional do Incra em Marabá (SR-27) desde o início da semana, cerca de 100 camponeses ligados à Confederação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Contraf) chegaram a interditar o órgão por algumas horas durante a última quinta-feira (6). Houve tumulto, mas ao final os ânimos se acalmaram e foi agendada uma reunião para a semana que vem em Brasília (DF) a fim de analisar a reivindicação dos manifestantes.
Os camponeses que fizeram parte do protesto representam um grupo bem maior. São aproximadamente 500 famílias (cerca de duas mil pessoas) que estão ocupando algumas áreas localizadas entre Canaã dos Carajás e Parauapebas, que são de propriedade da Mineradora Vale.
Nos primeiros dois dias de acampamento, os manifestantes se mantiveram a uma certa distância da sede do Incra, limitando-se a armar redes nas imediações e bandeiras na entrada da repartição pública, mas como a solução demorou, os manifestantes acabaram radicalizando o processo de negociação e chegaram a interditar o órgão federal fundiário, impedindo servidores de deixar o local.
Leia mais:Um dos camponeses que participaram da manifestação, Raimundo Pereira da Silva, alegou que não houve violência e que os manifestantes apenas entraram na sede do órgão para cobrar mais agilidade no processo.
Apesar do extremismo da situação, o superintendente regional do Incra em Marabá, Valciney Ferreira Gomes, minimizou a ação dos camponeses, observando que, ao final tudo foi bem encaminhado. Segundo ele, na semana que vem representantes dos acampados vão se reunir na sede do Incra em Brasília (DF), com o presidente do órgão fundiário, Leonardo Góes Silva, e também com um preposto da Mineradora Vale, para tentar chegar a um consenso.
Valciney observa que se trata de uma área de propriedade particular (Vale), de modo que o Incra vai atuar como mediador para tentar encontrar uma saída, pois se trata deum contingente muito grande de camponeses que estão há muitos anos na área e exigem uma resposta sobre seu futuro.
Como a ocupação é dividida em muitas áreas, Valciney entende que é preciso analisar caso a caso, observando a documentação de cada uma das glebas ocupadas. “Agora a gente tem um Norte”, observa Valciney. (Chagas Filho com informação de Josseli Carvalho)