Correio de Carajás

Sem patrocínio, atletas do muaythai conquistam 3 ouros e 2 pratas para Marabá

Cinco atletas da Família Chang de Muaythai Tradicional, em Marabá, única academia a representar o Pará na segunda Copa do Embaixador, realizada em Brasília, no último dia 20, alcançaram posições de destaque.

Conforme Emayra Lima Leite, atualmente a única professora da região com autorização da Liga Brasileira de Muaythai Tradicional e da Embaixada da Tailândia a ministrar aulas da modalidade na região, a seleção paraense deste ano apresentou desempenho ímpar e todos os atletas fizeram lutas cadenciadas do início ao fim, demonstrando muita técnica e motivando a torcida das demais delegações brasileiras que participaram.

“Os atletas foram reconhecidos como sendo ‘duros feito pedra’, pois se recuperaram bem dos golpes que levaram e contra-atacaram bastante, utilizando muito bem o aprendizado trazido pelo nosso Kru e técnico Dinho Santos”, comentou.

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Emayra destaca que o evento foi realizado dentro da Embaixada da Tailândia, ou seja, em território tailandês, com a presença também de atletas peruanos, além de apoio e participação do Grão Mestre Suphan Chabairam, representando a Kru Muaythai Association (KMA), uma das maiores organizações de muaythai do mundo.

Atletas iniciantes e experientes garantem bons resultados

Cleison, de vermelho, é o atleta mais novo da seleção

Dentre os atletas de Marabá, sob supervisão do técnico Dinho Santos e do Mestre Sandro Luiz, participaram três estreantes (Camila, Cleilson e Eliani) e dois já experientes (Nelson e Lázaro). Dentre os primeiros, Cleilson é o mais novo na seleção, com apenas quatro meses de treino. Conforme a professora, ainda assim ele lutou com muita técnica, força e ouvia atenciosamente o corner, respondendo aos comandos direcionados.

Camila, de Azul, conquistou o ouro já na luta de estreia

Camila, acrescenta, cresceu bastante durante a luta, contra uma adversária forte, encaixando muito bem os golpes. Eliani, por sua vez, demonstrou coragem ao enfrentar uma adversária quase 30 anos mais nova.

Eliani demonstrou coragem ao enfrentar adversária quase 30 anos mais nova e conquistou a prata

Dentre os mais antigos, Nelson já tinha torcida cativa em Brasília, em decorrência do bom desempenho demonstrado em competições anteriores. Agora, em 2019, lutou contra um peruano, num embate duro. “O Nelson mostrou um excelente desempenho, manteve o controle e a calma, alinhados à técnica e ao contra-ataque. Assim conquistou o ouro”, comemora a professora.

Nelson deixou de competir em 2018 por falta de patrocínio, mas em 2019 conquistou o ouro

Lázaro fez sua segunda luta e após um embate equilibrado garantiu uma medalha de prata. “Os cinco atletas trouxeram medalhas, foram três ouros e duas pratas. Muito além das medalhas, trouxeram orgulho para a Família Chang”, comentou Emayra.

Falta recursos para resultados ainda melhores

De acordo com a professora, os bons resultados foram obtidos apesar de os atletas não possuírem nenhum patrocínio para acompanhamento nutricional ou preparação física extra. “A falta de recursos financeiros impediu que alguns estivessem em Brasília conosco, impediu que dividíssemos o mesmo apartamento e assim estivéssemos sempre juntos, mas os atletas se fortaleceram em si mesmos, superaram seus limites e deram show”, afirmou.

A equipe espera conquistar apoio neste sentido para a competição do próximo ano. “Que a nossa seleção tenha apoio e patrocínio para que possa retornar à Brasília e nos agraciar novamente com a demonstração do verdadeiro muaythai. Espero que esses méritos sejam reconhecidos pelos empresários de Marabá. Nosso principal objetivo é fazer com que o muaythai tenha uma maior e melhor visibilidade na região, pois somos mais reconhecidos lá fora do que em nosso país”, declara.

O atleta Nelson, por exemplo, que já é experiente, deixou de lutar no ano passado por falta de recursos, após ter lutado em 2016 e 2017, quando foi vice-campeão. Conforme a professora, o objetivo era que ele também fizesse agora em 2019 a disputa de cinturão, mas por falta de patrocínio não pode confirmar a tempo sua participação no campeonato. “Ele conseguiu se inscrever na última semana, mas já haviam colocado outro atleta para disputar o cinturão”, disse.

Outros dois atletas da academia deixaram de ir para o campeonato pelo mesmo motivo. Apesar da dificuldade, garante, todos pretendem lutar novamente em 2020, além de haver outros nomes, inclusive de muitas mulheres, interessados. (Luciana Marschall)

Confira abaixo o desempenho de cada atleta na Copa do Embaixador 2019

Eliani da Silva Gama, 47 anos: Medalha de prata na categoria Estreante Especial, de até 54 kg.

Camila Rodrigues Maciel, 22 anos: Medalha de ouro na categoria Estreante, de até 49 kg.

Lázaro Oliveira Neto, 17 anos: Medalha de prata na categoria Juvenil, de até 64kg.

Cleilson da Silva Costa Freitas, 23 anos: Medalha de ouro na categoria Super Pesado, de até 120 kg.

Nelson Aliss Lima de Souza, de 18 anos: Ouro na categoria Juvenil, de até 59 kg.