Correio de Carajás

São falsas as afirmações em vídeo de campanha eleitoral da candidata a Deputada Federal Yette Nogueira sobre socialismo e armas

É falso afirmar que no socialismo as pessoas eram desarmadas para facilitar a implantação de ditaduras. A fala teve como intuito ludibriar as pessoas a associarem o desarmamento com uma suposta falta de proteção oferecida pelo “comunismo” tentando ligá-lo, ainda, ao Partido dos Trabalhadores (PT), e foi feita pela candidata que faz oposição à sigla. Os fatos e dados levantados nesta checagem apontam que nas revoluções socialistas; a população foi na verdade armada, e que nos dias atuais armar a população sem a devida fiscalização pode trazer malefícios, como facilitar o acesso às armas adquiridas por CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) a facções criminosas

Conteúdo investigado: Vídeo de campanha eleitoral da candidata a deputada federal Yette Nogueira, do Estado do Tocantins, afirmando que no regime socialista, antes da ditadura, o povo foi desarmado e que os roubos e crimes aumentaram diante disso. A candidata também levanta que “a turma da bandidagem, sabendo que as pessoas estão sem proteção, ataca muitas vezes mais”.

Onde foi publicado: WhatsApp e Telegram

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Conclusão do Correio Apura: É falso que no regime socialista a população foi desarmada como diz a candidata Yette Nogueira em um dos vídeos de sua campanha eleitoral divulgado no dia 16 de agosto de 2022.

De acordo com o Mestre em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), Leandro Santos, em diversas revoluções como a Francesa, Cubana, Chinesa e Russa, as massas se armaram para participar das guerras, pois Lênin (revolucionário comunista, político e teórico político russo que serviu como chefe de governo da Rússia Soviética  de 1917 a 1924 e da União Soviética de 1922) pregava que a classe social (chamada de burguesia) possuía suas organizações repressivas estatais, polícia, forças armadas e paraestatais, caso das milícias privadas, entre outras. Todas fortemente armadas e treinadas. Para o revolucionário russo, os exploradores queriam manter o monopólio sobre o armamento para manter subjugada a classe operária. Seguindo essa linha de raciocínio, seria impossível pensar em revolução e expropriação da classe social dominante dentro do capitalismo sem armas a classe trabalhadora.

Sobre a afirmação da candidata em relação ao aumento de roubos e crimes diante do desarmamento da população, também há controvérsias.

Cumprimentos de mandados de buscas e apreensões pela Polícia Federal em todo o país neste ano de 2022, mostram que, em vez de semear segurança, a facilidade para obtenção de armamentos, devido à desburocratização e ampliação ao acesso a armas de fogo e munições no país, através dos decretos editados pelo presidente Jair Bolsonaro no ano passado, pode na verdade estar armando grupos criminosos. Foi o que agentes perceberam ao apreender armamento pesado comprado com autorização do Exército por um membro do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O criminoso tinha certificado de CAC (caçador, atirador esportivo e colecionador) e conseguiu adquirir seu arsenal mesmo tendo uma ficha corrida com 16 processos criminais, entre eles homicídio e tráfico.
O juiz do caso, Humberto Ferreira, da Justiça Federal de Uberlândia (MG), demonstrou espanto ao saber da facilidade com que o criminoso ludibriou as autoridades competentes. Afinal, como mostrou o magistrado, bastava uma simples pesquisa na internet para saber de quem se tratava. A pesquisa, segundo ele, deveria logo acender um alerta e exigir uma série de diligências antes da concessão do certificado, mas não é o que vem acontecendo, de acordo com os fatos.
Os diversos casos semelhantes que foram investigados pela Polícia Civil e registrados pelos vários veículos de comunicação brasileiros, mostram que a estratégia em comum dos grupos têm sido o uso de “laranjas” para conseguir a compra de armas de forma legal para CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores).

Alcance da publicação: Grupo de WhatsApp e Telegram com mais de 160 participantes

O que diz a autora da publicação: O Correio Apura entrou em contato com a candidata Yette Nogueira, mas até o momento não obteve resposta.

Como verificamos: Entramos em contato com o mestre em história, pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), Leandro Santos, e através de seu conhecimento adquirido por formação, foi possível esclarecer que não procede a afirmação de que durante a Revolução Socialista, a população foi desarmada. Para verificar a asserção de que armar a população é o melhor caminho para combater assaltos e roubos, pesquisamos que, embora o país tenha tido o menor número (41.069) de assassinatos de toda a série histórica no ano de 2021, iniciada em 2007, foram registrados diversos casos em que facções criminosas têm aproveitado da desburocratização e da ampliação ao acesso a armas de fogo e munições no país, através dos decretos editados pelo presidente Jair Bolsonaro no ano passado.

Por que investigamos: O Correio Apura checa conteúdos suspeitos de desinformação no âmbito das Eleições Estaduais no Tocantins e no Pará e que tem viralizado nas redes sociais. Envie conteúdo suspeito para o nosso WhatsApp (94) 99212-4484