Na semana passada, o projeto Rios de Encontro finalizou sua 10ª Semana da Criança. A iniciativa coincidiu com a visita técnica de uma equipe do Itaú-Unicef que avaliou o projeto como finalista do prêmio 2018 e com a notícia de que foi contemplado com o prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura. Além de ação colaborativa na escola Irmã Theodora Leão, a semana integrou oficinas de dança afro-ballet e violão afro-brasileiro, biblioteca e cine comunitário em colaboração com estudantes da Unifesspa.
A ação também integrou uma roda de conversa sobre a primeira infância, impulsionada pela irmã e primos de dois jovens que morreram vítimas da violência no PAC. Foi promovida ainda a interação entre moradores do residencial construído com verba do programa e Corregedoria da Polícia Civil.
“Fico feliz de ter contribuído ao reconhecimento deste projeto”, disse Mestre Zequinha de Cabelo Seco, colaborador do resgate das raízes Afro-Brasileira no Bairro Cabelo Seco, na Marabá Pioneira. “Este prêmio possibilitará a produção do segundo CD do projeto e vai deixar meu legado cultural para as gerações que estão chegando. Já tenho este prazer, assistindo os percussionistas e dançarinas na Casa dos Rios, coordenando projetos. Antes, eles eram participantes infantis na primeira noite do projeto em 2008. Torço para que ganhemos um segundo prêmio nacional do Itaú-Unicef!”, declarou.
Leia mais:Sandra Ataíde, pedagoga e avaliadora técnica da Unicef, se disse encantada com o que conheceu do projeto. “Admiro muito a maturidade desse Coletivo AfroRaiz que possui excelência artística e tem uma sintonia e confiança pedagógicas como equipe de oficineiros. Nunca me imaginei participando numa oficina de dança afro ou acompanhando uma oficina infantil de dança afro-ballet, coordenada com tanta sensibilidade. Porém fiquei indignada, ouvindo os testemunhos de jovens mães e parentes dos dois menores mortos no dia 29 de setembro”, disse.
“Visitei o local da tragédia, vi os buracos onde entraram os tiros, escutei as mães e avós buscando justiça e projetos de formação e ação cultural, não de repressão e terror. Torço que meu relato ajude que Rios de Encontro continue a gerar energias de vida e influenciar políticas públicas com seu reconhecimento merecido”, arrematou.
No dia seguinte ao da visita do Unicef, o delegado Vinícius, da Corregedoria Regional de Polícia Civil, participou de roda de conversa com 12 moradoras para discutir segurança comunitária e como garantir justiça social. Tanto o delegado, quanto a comunidade, avaliaram que a conversa franca era importantíssima e um passo excelente para criar relações de respeito mútuo, de confiança.
O projeto Rios de Encontro também realizou a primeira colaboração com oito estudantes da Unifesspa que são lideranças do Levante Popular da Juventude. Bem na praça onde os jovens foram mortos, mais de 40 crianças sentaram com livros, desenharam e curtiram teatro infantil, antes de assistir desenho animado a céu aberto.
“Estamos construindo uma colaboração de respeito por uma comunidade sofrida”, comentou André Oliveiro, estudante de história. “Nosso sonho é criar um país que valoriza a leitura e a cultura de paz, em vez de violência e cultura ao ódio”, destacou.
Maiores informações sobre os projetos e ações realizados pelo Rios de Encontro no Cabelo Seco, é só entrar em contato com Manoela Souza, via whatsaap, pelo número (91) 98847-8021. (Com informações de Dan Baron)