Correio de Carajás

Responsável por cuidar da mãe e da tia, preso por fazer criança refém teria ‘surtado’ sem dinheiro

João Cezar Barbosa de Oliveira estava com tratamento psiquiátrico atrasado e dificuldades financeiras

Um caso repercutiu em Parauapebas e no estado nesta segunda-feira (6), quando João Cezar Barbosa de Oliveira foi preso após fazer uma criança refém em um centro comercial do Bairro Cidade Nova, pedindo R$ 50 mil para liberá-la.

Agredido por populares e taxado como “lunático ou viciado” por testemunhas, João Cezar aparenta, de fato, ter uma condição psicológica que foi agravada pela falta de condição econômica para sustentar a casa em que vive, no Bairro Rio Verde.

O Correio de Carajás foi procurado pela família de João Cezar que, em entrevista exclusiva, apresentou a situação em que estão vivendo e também os remédios controlados dos quais ele faz uso.

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O preso é responsável por cuidar da mãe, Ednéia Barbosa, e uma tia, ambas idosas. A mãe e a tia, Altamira, usaram a entrevista para intervir em favor de João César.

Ednéia alega que a família chegou a Parauapebas há três meses e desde o início da nova morada tem dificuldades financeiras. João faz uso de três medicamentos, dois de uso controlado, além de ter encaminhamento para o psiquiatra prescrito em atendimento recebido no sistema de saúde no município.

Família apresentou medicamentos utilizados pelo homem preso

A demora para o início do tratamento, juntamente das dificuldades financeiras, teria motivado o “surto” de João, visto na última segunda-feira.

“Ele cuidava da gente, não deixava passar fome e nem nenhuma necessidade. Xampu, perfume, sabonete… Nós tínhamos de tudo”, diz Ednéia.

João e a família se mudaram de Primavera, divisa do estado de São Paulo com Mato Grosso do Sul, para Parauapebas. No percurso, por conta de alimentação, gastos com manutenção do carro e outras eventualidades, acabaram gastando cerca de R$ 8 mil, segundo Ednéia.

A mãe de João Cezar relata os difíceis momentos do filho lidando com os problemas psicológicos. “Ele queria se matar, questionava se Deus ainda o amava… As alucinações na cabeça dele faziam isso com ele. Desde o nascimento, o médico disse que ele nasceu fraco [por complicações na gravidez], nasceu com problema de visão, mas mesmo assim trabalhava muito… Nunca usou drogas, pode perguntar pra qualquer um que o conhece”, disse Ednéia.

Agora, a mãe e a família buscam retirar João Cezar da prisão, alegando os problemas psicológicos. O preso, segundo a família, faz acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que foi procurado pela reportagem, mas a resposta da coordenação foi que nesses casos só é possível dar informações à família ou autoridades. (Juliano Corrêa – com informações de Ronaldo Modesto)