Correio de Carajás

Indígenas interditam BR-153 em São Domingos

Indígenas fazem cobranças ao DNIT e também a outros órgãos e entidades/Foto: Divulgação

Um trecho da Rodovia Transbrasiliana (BR-153), que liga os municípios de São Domingos do Araguaia a São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Estado, foi interditado no início da tarde desta segunda-feira (6), por um grupo de indígenas Suruí.

Segundo um dos líderes da manifestação, o que está sendo reivindicado ao Departamento Nacional de Infraestrutura e de Transporte (DNIT) são alguns direitos que vêm sendo descumpridos pelo órgão. “Queremos a presença da Funai, Fepipa, Cepi, prefeita Elizane Soares e do DNIT/Brasília, que não vêm cumprindo com o que promete”, diz Yuykwa Suruí, cacique da aldeia Akamassyron em um vídeo compartilhado nas redes sociais, onde ele garante que a rodovia não será liberada enquanto não forem atendidos.

Segundo Wira Suruí, uma das representantes femininas que também está à frente da manifestação, a solicitação da prefeita municipal de São Domingos do Araguaia, Elizane Soares, seria pra cobrar a construção de uma escola na aldeia, implementação do 6º ao 9º ano de Ensino Fundamental e não permitir que a escola existente na comunidade seja fechada pelo governo municipal. “Não podemos permitir que isso aconteça. Temos garantia por lei que o Ensino Indígena é diferenciado e importante para nossa gente e cultura”, disse ela.

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PREFEITA RESPONDE

Por telefone, a prefeita Elizane Soares disse que tudo se trata de uma questão política para prejudicar seu governo. Ela alegou também que os indígenas querem mais três professores para apenas quatro alunos. “Isso é inviável”, resumiu, ao acrescentar que a prefeitura pode disponibilizar meio de transporte até uma escola mais próxima que fica na Vila “Some Homem”, onde existem as séries exigidas.

A prefeita também negou que os salários de umas das professoras na aldeia estariam em atraso, podendo comprovar isso pelos contracheques.

Ainda segundo ela, no próximo dia 22 haverá uma reunião com o Conselho Municipal de Educação para tratar desses assuntos, e que nada poderá ser feito até que a reunião aconteça.

OUTROS ÓRGÃOS E ENTIDADES

Ao DNIT, encaminhamos e-mail solicitando informações sobre o Plano Básico Ambiental da aldeia, que estaria em atraso. O DNIT respondeu ao e-mail, comprometendo-se a dar um retorno nesta terça-feira (7).

O coordenador regional da Funai, Ricardo Totoré, também foi contactado via WhatsApp, mas não havia retornado a mensagem até o início da noite desta segunda-feira (6).

Por outro lado, não conseguimos contato com a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), nem com o Conselho Estadual do Povo Indígena (CEPI).

(Luiz Carlos Silva/freelancer, com a colaboração de Chagas Filho)