Correio de Carajás

“Remédio” vendido em Marabá era mistura com açúcar

A Polícia Militar acabou com a fabricação caseira de garrafadas que eram vendidas como remédios fitoterápicos nas ruas de Marabá, embora não possuíssem registro junto aos órgãos sanitários, tampouco fossem confeccionados a partir dos ingredientes descritos nos rótulos.

Na noite desta segunda (17), pouco antes das 23 horas, os policiais passavam pela Rua Lauro Sodré, no Bairro Bela Vista, quando avistaram Maramaldo Sandro de Oliveira Silva, conhecido por comercializar supostos medicamentos em diversos pontos da cidade. Ele estava em frente a uma residência e carregava diversas embalagens contendo garrafas.

Os militares o abordaram e pediram para revistar a residência, onde identificaram a fabricação caseira dos produtos que o homem alegava serem medicamentos. No local, foram apreendidas 84 garrafas cheias da substância, um fardo de açúcar, dois baldes – um deles contendo aproximadamente 20 litros do líquido -, rolhas, três garrafas de álcool e rótulos.

Leia mais:

O ambiente, informa a Polícia Militar, estava bastante sujo e o homem informou que há mais de seis anos comercializava a substâncias feita de forma caseira e sem qualquer registro por R$ 2 para revendedores e por R$ 10 para os clientes finais.

Maramaldo foi encaminhado à 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, onde foi autuado em flagrante pelo crime contra a saúde pública. “A pena é de reclusão de 10 a 15 anos em razão dos gravíssimos problemas que uma situação como essa pode causar à saúde dos usuários, tanto por não surtir os efeitos esperados quanto pelo potencial de prejuízo à saúde em razão das péssimas condições em que era (o produto) fabricado”, informou o diretor da unidade, delegado Vinícius Cardoso das Neves.

A autoridade policial chamou a atenção para o fato de terem sido apreendidos três rótulos diferentes. Um deles indicava o produto para tratar a saúde da mulher, outro afirmava que a substância combatia derrame e o terceiro aconselhava o produto para problemas neurológicos. Apesar de serem descritos ingredientes diferentes, a mesma substância era engarrafada.

“Era uma produção rudimentar. Em um tacho o responsável derretia açúcar e adicionava copaíba e andiroba, envasava em garrafas long neck e afixava vários rótulos diferentes, ou seja, o produto é o mesmo, mas os rótulos apontavam composições diferentes. A prática caracteriza crime contra a saúde pública porque não há registro junto à Vigilância Sanitária, os ingredientes constantes no rótulo não conferem com os insumos utilizados na fabricação e não há comprovação da qualidade e eficácia desse produto”, explicou.

O material apreendido foi encaminhado para análise no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e deverá ser destruído após a perícia. Maramaldo deverá ser transferido ainda nesta terça (18) para o Complexo Penitenciário de Marabá, onde aguardará decisão judicial sobre a situação dele. (Luciana Marschall)