A polêmica do verão em Marabá está instalada. Um grupo de entidades ambientais coordena um projeto de preservação de quelônios (filhotes de tracajás e tartarugas) na Praia do Tucunaré e projeta proibir a circulação de pessoas e embarcações em cerca de 80% do perímetro para garantir a postura (desova) e eclosão dos ovos nas condições ideais para os animais. O projeto visa a educação ambiental e manejo reprodutivo sustentável nos rios Itacaiúnas e Tocantins, para garantir a preservação e perpetuação das populações de quelônios aquáticos ocorrentes na região.
Por outro lado, pescadores e barqueiros estão preocupados caso essa medida seja implementada de fato. Um grupo deles, liderado pela Colônia Z-30, está se articulando para evitar que o projeto permaneça no local. Nesta terça-feira, 19, eles foram recebidos pelo prefeito Tião Miranda, para quem tiveram oportunidade de alertar sobre os impactos que terão com a proibição de pesca e circulação de barcos na área atrás da praia.
Raimundo Nonato Miranda, o Ray, representante da Colônia de Pescadores, falou ao prefeito da impossibilidade de centenas deles exercerem seu ofício por conta do fechamento de 80% da praia do Tucunaré e pela proibição de navegação no braço direito do Rio Tocantins, por conta da implantação do Projeto Quelônios.
Leia mais:De acordo com os pescadores e rabeteiros, o projeto foi implantado sem nenhuma discussão prévia com os segmentos que atuam na praia e a população de Marabá. Há poucas semanas, o professor da Unifesspa e coordenador geral do “Quelônios”, José Pedro de Azevedo Martins, falou sobre o projeto meses depois que já estava em andamento, em reunião ocorrida na Câmara Municipal. “Se fecharem o canal de navegação do outro lado da praia, vão nos prejudicar muito, porque temos o direito de ir e vir”.
Ray reclama que o projeto foi instalado sem nenhum tipo de debate ou audiência com a população, nem mesmo para informar o que estava acontecendo no local. Para ele, fechar quase que totalmente a praia inviabiliza o turismo e o lazer da população, além de prejudicar os barraqueiros, pescadores e barqueiros.
O grupo sugeriu ao prefeito Tião Miranda que o projeto seja retirado da Praia do Tucunaré e instalado em outra área de menor uso pela população, como a Praia do Meio. “Seremos os primeiros a apoiar e ajudar de todas as formas, caso seja levado a outro local de consenso”.
Renê Rodrigues, pescador filiado à Colônia Z-30, ratificou que o Projeto Quelônios atrapalha os setores turístico, de pesca e navegação. “O projeto é excelente, mas está em um local errado. Deveria ser em uma praia mais afastada, onde a população não frequenta tanto. Se for levado adiante, vai impedir o sustento de centenas, talvez milhares de famílias como a minha”, disse.
O professor José Pedro de Azevedo Martins, coordenador geral do projeto Quelônios de Marabá, disse recentemente que a intenção é repovoar a espécie. “O projeto nasceu de uma demanda do Comam (Conselho Municipal de Meio Ambiente). O objetivo geral é a preservação ambiental na Bacia Tocantins e Itacaiúnas, com coleta, eclosão e nascimento, até a soltura dos animais no rio”.
O prefeito Tião Miranda ficou de procurar os órgãos responsáveis pelo Projeto Quelônios para analisar como foi realizada a instalação no local. (Da Redação)