Correio de Carajás

Quatorze anos após perna amputada, Renilson trabalha como DJ em Marabá

“Não tenho do que reclamar. Sou muito feliz. Mudei meus sonhos depois do acidente”, afirma o rapaz.

A vida pode não ser fácil, mas algumas pessoas passam por momentos extremamente difíceis, onde são obrigadas a tomar e encarar os desafios que lhe são impostos.

Quatorze anos depois do fatídico acidente – na geleira da Colônia de Pescadores Z-30, em Marabá – onde Renilson Souza dos Santos, 30 anos, acabou tendo sua perna direita amputada, a vida ganhou um novo olhar.

Atualmente, ele trabalha como DJ e afirma que não tem do que reclamar. Mesmo com a pandemia, onde deixou de trabalhar em festas, Renilson segue fazendo lives e recebendo alguns patrocínios.

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Sem se deixar abater por ter perdido um membro do corpo, o jovem afirma que refez seus sonhos após a fatalidade. “Não tenho do que reclamar. Sou muito feliz. Existem muitas pessoas em uma situação bem pior, que dependem inteiramente de alguém para se locomover. Eu perdi só um membro, posso colocar uma prótese e andar sozinho”.

Atualmente, a prótese que Renilson utiliza veio através de um projeto do Governo Federal, em Brasília. Segundo o DJ, ela está antiga e precisando de manutenção.

“Fiz um orçamento e deu mais de R$ 2 mil, mas eu não tenho esse dinheiro. Estou utilizando na marra. Com o dinheiro da indenização, a primeira coisa que vou fazer é comprar uma prótese nova”, conta.

Mesmo com a determinação judicial de que a Colônia de Pescadores Z-30 deve pagar um salário mínimo vitalício a ele, Renilson explica que não está recebendo esse dinheiro.

“Recebi por um período, depois ficaram sem pagar. Mudou a diretoria e teve uma determinação que fossem pagos dois salários mínimos, eu recebi por um tempo. Mas desde que mudou o presidente, novamente não recebi mais nada. Ele disse que não ia pagar”.

Na época do acidente, prestes a completar 15 anos, Renilson tinha o sonho de servir o Exército. Apaixonado por esportes e aventuras, ele se arriscava na pescaria com o pai e nas peladas do futebol na rua.

“O desejo de servir o Exército foi por água a baixo, mas eu mudei meus sonhos. Hoje tenho muito interesse pela música”, conta.

Renilson e a mãe, Débora, relembram o dia do acidente e falam sobre a força da superação – Foto: Evangelista Rocha

Débora dos Santos Souza, 55 anos, mãe de Renilson, conversou com o CORREIO e falou sobre o dia do acidente. “Eu fiquei anestesiada, não chorei na hora. Eu não estava acreditando. Só depois que me desesperei e chorei muito, pensava em como meu filho ia reagir e o que ele iria sentir. Mas ele é muito forte. Tenho muito orgulho dele”, conta emocionada.

A mãe afirma que nos dias em que teve que ficar com o filho no hospital, todos os profissionais se admiravam com a força de Renilson. “Ele sempre estava sorrindo, mesmo tendo perdido uma perna. Meu medo era de depressão. Mas ele sempre foi muito alegre”.

Sobre a decisão judicial, dona Débora afirma que sempre acreditou na justiça de Deus e na dos homens, e sabia que tudo ia dar certo.

“Como diz na Bíblia, tudo no tempo do Senhor. E para as mães que estão passando pelo que eu passei com meu filho, digo para que sejam fortes. As coisas não são fáceis, mas a gente tem de seguir e pedir conforto para Deus”, finaliza. (Ana Mangas)