Correio de Carajás

Quarentena dispara vendas em sex shops de Parauapebas

“Produtos de sex shop são ótimos para vender e a pandemia fez aumentar as vendas, está sendo bem procurado no mercado, as pessoas gostam muito”, garante Cida Rufino, que vende itens desta natureza em Parauapebas.

Cida conta que antes da pandemia vendia, em média, 20 lubrificantes por mês. Agora são mais de 40 unidades, a R$ 24,99 o item. Com as vendas alavancadas, a estratégia da vendedora, que trabalha com pedidos por encomenda, foi comprar mercadoria extra para deixar disponível à pronta entrega.

Cida Rufino diz que venda de lubrificantes dobrou durante a pandemia do coronavírus em Parauapebas

Entre os itens mais vendidos por ela, além do lubrificante, estão baralho Kama Sutra, a R$ 29,99, e dados eróticos, por R$ 12,99. Cida revela que tanto homens quanto mulheres são clientes do segmento, mas o público feminino ainda é o maior consumidor.

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Dona de uma loja de sex shop há 10 anos, Taty Reis viu as vendas caírem “drasticamente” no início da pandemia. “As pessoas estavam muito preocupadas em adquirir itens essenciais, como alimentos e produtos de higiene”.

Porém, com o passar dos dias de isolamento social as vendas mais que duplicaram, “estou quase sem estoque”. Taty destaca que presta um serviço personalizado, “além de indicar o produto ideal para cada cliente, oriento como usar, formas diferentes de usar, como propiciar um ambiente adequado para usar o produto”.

Muitos casais recorrem a ela por compras através do Instagram e Whatsapp. “Muitas mulheres se tornaram clientes agora, durante a pandemia, por estarem mais tempo com o marido em casa, passaram a investir mais na relação a dois, a se reinventar”, detalha Taty, que é uma espécie de terapeuta para suas clientes.        

– Taty garante que em sua loja os produtos mais vendidos são vibradores e cosméticos funcionais

Na loja da Taty os produtos mais vendidos são os vibradores e cosméticos funcionais, que podem aquecer ou esfriar na região em que são passados. “Temos produtos de valores que se adequam a todos os bolsos, desde um batom que esquenta a R$5, a um vibrador importado, que também funciona por controle remoto por R$800”.

Enquanto o desejo por experimentar novidades em casa aumenta, os motéis em Parauapebas enfrentam queda no faturamento. “A procura caiu muito. Se antes tínhamos uma média de 50 casais por dia, agora esse número varia entre 20 e 25”, conta Fabiana Moura, funcionária de um estabelecimento da cidade.

Ela cita, ainda, que desde a pandemia os clientes não vão ao motel à noite, apenas durante o dia, e os frequentadores são clientes mais antigos do local. A funcionária também cita os cuidados redobrados com a higienização dos quartos, feita antes e depois de serem usados, com limpeza desde a maçaneta aos objetos do ambiente.

Marabá continua vendendo “brinquedinhos” do amor

Vendedoras autônomas não têm do que reclamar em relação à comercialização de produtos eróticos, mesmo em tempos de pandemia. Carla Beatriz, que reside na Folha 12, Nova Marabá, e usa sua motocicleta Biz para fazer entregas aos clientes, avalia que a masturbação ganhou um novo sentido durante o confinamento.

Segundo ela, as pessoas que estão sozinhas na pandemia querem produtos que proporcionam diversão, o que se estende até mesmo para quem está acompanhado em casa. “Claro, não é uma venda mais alta do que antes, mas não despencou ao ponto de eu ter de reclamar”, diz.

Outra vendedora autônoma consultada pelo Correio, Larissa Melo, diz que é conhecida como vendedora de lingeries, para não assustar algumas pessoas. Todavia, as clientes antigas já sabem que ela carrega em uma sacola vários produtos eróticos e tem muito mais em casa.

Ela destaca que muitos pares têm testado produtos eróticos nas suas relações. “Muitas pessoas que estão sozinhas me ligam em busca dos sex toys para ajudar a aliviar as tensões desse período, e as que estão acompanhadas de parceiros ou parceiras estão na busca de inovar as coisas”.

Larissa também atende de moto e ela mesma faz entregas. Ela diz que o queridinho das mulheres neste período de pandemia está sendo um tal de “ Satysfier”, nome de um dos modelos de sugador de clitóris. “Mas eu carrego óleos de massagem, cremes excitantes, gel para aquecer ou gelar, anestesiar, com sabor e jogo de cartas sensual”, diz.

Por outro lado, Dhine da Silva, proprietária de uma loja no Núcleo Cidade Nova, Lua Bela, tem diferente manifestação sobre o assunto.

Ela diz que as vendas diminuíram, mas não consegue mensurar quantos por cento. Diz que junto com “brinquedinhos do amor” trabalha com lingerie e observa que está vendendo apenas por delivery, uma média de três entregas por dia, o que considera muito pouco. Ela acredita que, se tem gente comprando muito, como está sendo propagando, é pela internet, por meio de lojas de atacarejo, que ela Dhine considera concorrência desleal. “Estão colocando matéria que está bombando, mas não sei se é verdade, porque aqui não está. As vendas caíram, dei 30 dias de férias para seis funcionários e não sei como será o cenário daqui para frente”, avalia.

E A FUGIDA AO MOTEL?

A epidemia do coronavírus em Marabá tem assustados muitos moradores que deixaram de fazer coisas que antes eram “normais”, como ir para os motéis da cidade. Na semana em que a cidade deve atingir 50 mortes pela covid-19, as pessoas resolveram se isolar e evitar todo tipo de contato para não correr o risco de contaminar e ser contaminado.

A recomendação não estava sendo seguida à risca pelos moradores, o que levou o governador Helder Barbalho a decretar lockdown a partir desta terça-feira, dia 19. Mesmo antes disso, muitos moradores já deixaram até de frequentar os motéis da cidade. Desde que o período de isolamento começou, alguns locais perderam de 50% a 70% do movimento e outros até paralisaram os atendimentos.

Motéis em Marabá redobraram cuidados em relação à higiene para receber clientela

No entanto, alguns que continuam abertos afirmam estarem tomando medidas de prevenção, para que os clientes não corram risco e nem deixem de sentir prazer nesse momento de tensão e medo.

Sandra Gomes, funcionária de um motel que funciona na BR-230, sentido São João do Araguaia, explica que os cuidados foram redobrados durante a pandemia, tanto para os clientes, quanto para os trabalhadores. Álcool em gel foi colocado na entrada de todos os apartamentos e não aceitam mais do que um casal (nada de trisal e nem festinhas em grupo), como era permitido antes. “Os funcionários usam máscaras, botas e luva. Até o momento, nenhum de nós adoeceu”, conta Sandra.

Ela reconhece que a quantidade de clientes diminuiu expressivamente, mas não sabe precisar em quantos por cento.

Outro motel, também na Transamazônica, sofre com o sumiço de clientes, inclusive os chamados “de casa”,“ ou seja, que frequentavam o local com certa periodicidade. Regina Lima, funcionária, diz que a receita caiu bastante e teme demissão a partir da decretação do lockdown, porque aí os clientes vão sumir de vez.

Por outro lado, ela reclama que há precariedade no trabalho se comparado com o empenho das autoridades em conter o vírus. Dos poucos clientes que ainda frequentam o ambiente, os funcionários temem ser infectados nas dependências do motel. “A higienização (dos quartos) já não era das mais excelentes e agora na época de pandemia não mudou nada. Não foi passada nenhuma instrução ou medida de prevenção. Estamos sem luvas e sem máscaras. Para os clientes não tem álcool em gel, apenas um aviso para se higienizarem lavando as mãos na pia do quarto”, comentou.

Outro funcionário do mesmo motel, afirmou que se um cliente entra no local contaminado, pode sair deixando o vírus desde as maçanetas da porta até a hidromassagem. “A gente tá com medo, mas não pode reclamar de nada, porque tememos a demissão, que está arriscada nesse período”, disse, pedindo reserva de seu nome. (Theíza Cristhine e Ulisses Pompeu)