Correio de Carajás

Projeto estuda comunidades de fungos na Flona de Carajás

Cotidianamente associados à proliferação de alimentos estragados, os fungos são seres microscópicos que estão relacionados à decomposição da matéria orgânica, portanto, possuem um papel fundamental no equilíbrio do meio ambiente. Assim, pesquisas sobre as comunidades de fungos são utilizadas para subsidiar as estratégias de conservação em determinados locais. 

Este é o objetivo do projeto Estudo da Composição das Comunidades de Fungos Micorrízicos em Diferentes Fitofisionomias nas FLONAS Carajás e Tapirapé-Aquiri, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Marabá, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio). “O projeto teve início em novembro de 2019 com a aprovação da proposta pelo SISBIO/ICMBio (Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade) e a permissão para a coleta nas Florestas Nacionais de Carajás (Parauapebas) e Tapirapé-Aquiri (Marabá)”, afirma a coordenadora do projeto, professora da Universidade, Milena Raimam.

“O estudo trata-se de pesquisa básica em Ecologia Microbiana. Os fungos micorrízicos são simbiontes e representam um grupo microbiano de influência determinante no estabelecimento  e manutenção da cobertura vegetal, pois intimamente relacionam-se ao aporte de nutrientes como N (nitrogênio) e P (fósforo), havendo inclusive certo nível de dependência micorrízica para algumas espécies vegetais”, explica a professora. Na prática, os fungos desempenham um papel importante na nutrição do solo vegetal, já que eles têm habilidade natural de capturar elementos químicos ausentes no local e repassar para as plantas e árvores em geral. Dessa forma, a preservação desses seres é fundamental para manter a conservação do equilíbrio do ambiente.

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O graduando do curso de Ciências Biológicas e bolsista de Iniciação Científica, Lucas Leite, explica a metodologia que orientou a pesquisa. “A primeira etapa foi a coleta de solo de cinco fitofisionomias que compõem essas Flonas, que são savana metalófila, capão de floresta, vegetação xerofítica, floresta ombrófila aberta e floresta ombrófila densa. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Bioprodutos e Energia da Biomassa do campus VIII”. 

“Neste momento, nossas amostras estão sendo enviadas à Coleção Internacional de Cultura de Glomeromycota – CICG da Universidade Regional de Blumenau – FURB, onde os fungos isolados serão identificados e as amostras serão depositadas nesta coleção”, completa a professora Milena. Mesmo em andamento – o projeto tem autorização para operar até outubro de 2021 – a professora Milena já aponta alguns resultados. “Os dados obtidos até o momento demonstram diferenças nos índices de diversidade, riqueza, ocorrência relativa e taxas de colonização micorrízica das raízes nas diferentes áreas”. 

A pesquisa é pioneira na região, já que existem trabalhos semelhantes na floresta Amazônica sobre coleta de fungos, mas essa é a primeira vez que os estudiosos investigam esses micro-organismos na região Sudeste do Pará. “Nós buscamos fazer esse estudo com o intuito de produzir conhecimento científico sobre essas comunidades de fungos porque não se tem pesquisas desses microrganismos do solo, que são de fundamental importância para o desenvolvimento dessa região. Além disso, nossa pesquisa tem como intuito também, através do conhecimento produzido, corroborar com as atividades que visam a conservação e preservação da região da Serra dos Carajás”, afirma Lucas.

“No Brasil as Unidades de Conservação são classificadas em diferentes categorias, desde aquelas de proteção integral até as de uso sustentável, que permitem a exploração de alguns recursos mas que torna a proteção da biodiversidade um objetivo secundário. Este estudo irá colaborar com os órgãos competentes (ICMBio) nas ações de gestão de UC e conservação deste tipo de área, sujeita a exploração de recursos naturais”, finaliza a professora Milena, sobre os objetivos do projeto. (Agência Pará)