Correio de Carajás

Projeto da Unifesspa monitora pesca e pescadores na região

Programa de extensão da Unifesspa alcança sucesso em seis anos e, agora, está presente em municípios do Pará, Tocantins e Roraima

O programa de extensão de monitoramento da pesca da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) teve início em 2015, capacitando pescadores e monitorando o quantitativo de pesca por quilo, inicialmente em uma fase experimental, na vila Tauiry e Santo Antonino (Itupiranga) e na APA Araguaia (vilas Santa Cruz e Ilha de Campo – São Geraldo do Araguaia).

Hoje, com seis anos de existência, o projeto faz parte de um trabalho maior em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que abrange os estados do Pará, Tocantins e Roraima, com recursos do Fundo Amazônia.

No início do projeto, entre anos de 2015 a 2017, o trabalho era realizado com o modelo ‘auto-monitoramento’, onde cada pescador anotava em uma ficha de pesca sua produção pesqueira. “Neste período tivemos o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis (Proex) e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Propit), com bolsas para alunos de graduação, que foram capacitados para auxilar no monitoramento”, explica a coordenadora do projeto, Cristiane Vieira da Cunha, doutora em Ciências Ambientais e vinculada ao curso de Educação no Campo e do Núcleo de Educação Ambiental da Unifesspa.

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Embora ainda estivesse no início, nos anos de 2015 a 2017 o projeto conseguiu resultados muito promissores, o que motivou o grupo a buscar parcerias externas, o fortalecimento de parcerias internas e com movimentos sociais. No ano de 2018 a Embrapa se interessou no programa, e entraram os extensionistas que trabalharam na articulação de um acordo de cooperação técnica para a continuidade e ampliação do monitoramento.

“O acordo foi encaminhado e a Embrapa assumiu o programa como coordenação geral e eu fiquei como coordenação local. O monitoramento foi ampliado para os estados do Tocantins, Roraima e Pará. No Pará participaram entre 2019 e 2020 as comunidades: vila Santa Cruz e pescadores da sede de São Geraldo do Araguaia; Vila Apinagés (São João do Araguaia); pescadores do bairro Vavazão e São Félix (Marabá); pescadores do entorno do Pedral do Lourenção (Itupiranga, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Jacundá)”, explica Cristine Cunha.

Acompanhe a evolução do trabalho ao longo dos anos, com a ilustração dos gráficos abaixo, ambos usam os mesmos dados, que levam em conta o cadastro de peixe ao longo dos anos. Foram usados dois modos de ilustração dos dados para facilitar ao leitor a visualização do crescimento.

De 2016 a 2020 foram cadastradas 2950 fichas de pesca, totalizando um montante de 11.316 pescarias registradas. Todas as pescarias foram feitas em três grandes rios, Tocantins, Araguaia, Itacaiúnas, por 15 comunidades diferentes. A ação envolve os municípios de São Geraldo, São João, Marabá, Itupiranga, Novo Repartimento, Jacundá e Nova Ipixuna.

Todos os dados coletados neste trabalho, Propesca/Pará, são tabulados em programa próprio – Sistema de Estatística Pesqueira (SIEPE), que foi construído pela equipe do Laboratório de Computação Cientifica (LCC) da Unifesspa.

Sobre a importância do projeto para a comunidade local, a professora em ciências ambientais explica que as informações tiram da invisibilidade a classe de pescadores, pois não há nenhum registro sobre a produção pesqueira para a região; além disso, o processo de automonitorar a produção fornece meios para melhor compreensão sobre a atividade pelo próprio pescador, sua família e comunidade. “Também contribuímos para a formação de monitores locais e lideranças fortes, bem como na formação de nossos alunos da universidade no sentido de uma pesquisa que integre, que é crítica e se importa com o outro”, destaca.

Para a pesquisadora e extensionistas, Cristine Cunha, com estas informações a classe pode lutar por melhorias no setor e afirmar que a classe é uma importante categoria que contribui efetivamente para a economia local. As informações sobre a produção também ajudam a lutar por direitos coletivos. (Fonte: Unifesspa)