Correio de Carajás

Professores propõem criação de Tecnolópolis Carajás entre Marabá e Parauapebas

Uma proposta visionária articulada para a região de Carajás prova que o emblemático ano de 2020 ainda pode surpreender. Um projeto de extensão de professores que atuam na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus de Parauapebas, propõe a construção de um imponente parque científico no seio da densa mata que encobre a região. Carajás, a título de informação, é responsável por expressiva parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Pará.

Quem esteve na Redação do CORREIO para divulgar o projeto foi Ádnei Marinho, doutor em Física Nuclear pelo ITA e pós-doutor em Teoria Quântica de Campos pela Universidade de Coimbra. Atualmente, ele é professor de Física e Matemática do Campus de Parauapebas da UFRA, para os cursos de Engenharia de Produção, Engenharia Florestal, Agronomia, Zootecnia e Administração.

Professor doutor Ádnei Marinho esteve na Redação do CORREIO para apresentar o projeto de extensão final | Foto: Evangelista Rocha

Segundo Ádnei, o projeto também é endossado pela professora mestra Juliana Monteiro de Souza (Contabilidade); professor doutor Herson Oliveira da Rocha (Geofísica e Petróleo); professora dra Katiane Pereira da Silva (Física de Materiais); professor dr. Anthonio Madeira Beirão (Física de Nanocircuitos); professor mestre Marcos Luz (Matemática e Estatística); professor dr. Fábio Israel (Química e Impacto Ambiental); professor dr. Leonardo Vaz (médico veterinário, piscicultura e ranicultura); professor dr. Ayres Fran (Química Orgânica); professor dr, Vicente Filho (Agronomia e Mecanização).

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Também participam, de fora da Ufra, a engenheira Ana Paula Vieira (Materiais alternativos); e engenheiro Adielson Marinho (Materiais e tecnologia de alimentos).

Os educadores indicam que o intuito do projeto é ampliar o desempenho do corpo universitário para além da sala de aula. É definido como a articulação prática do ensino e da pesquisa com as necessidades da comunidade. O plano critica a dependência de Carajás de recursos finitos e não renováveis, à exceção das energias solar e fluvial. Daí a necessidade da implantação de um complexo tecnológico capaz de diminuir a subordinação aos atuais recursos, de modo que seu eventual esgotamento não cause impactos. “Do que temos apresentado, a região de Carajás, enquanto dependente de recursos primários e commodities, termina por carecer de uma ampliação de sua matriz econômica”, pontua trecho.

Para a execução, é básico que o poder estatal proveja uma série de bens iniciais que possibilitem a abertura do parque, tais como garantir área superficial de instalação, normas legais de assentamento e primeiras verbas para construção de estruturas indispensáveis. A construção do centro tecnológico é vista como a melhor saída para a submissão aos recursos inconstantes.

Nesta esteira, entraria a participação de parceiros privados ou até mesmo públicos, encarregados pela construção das estruturas auxiliares. A edificação de prédios de usufruto imediato possibilitará o levantamento de verbas que financiem outras partes do projeto.

Dentro do parque, haveria um moderno campus industrial, um campus tecnológico empresarial, um centro de inovação tecnológica, um centro negocial, um centro esportivo, um parque verde e até um shopping center. Também é prevista a construção de uma rede de escritórios e de um hotel com capacidade para abrigar visitantes.

CONHEÇA OS ESPAÇOS

O campus industrial será destinado à instalação de fábricas que desejem operar na área utilizando-se de todas as facilidades ali presentes. O uso deverá ser negociado com a direção do parque, via aquisição permanente ou locação, gerando recursos para o financiamento do parque em si.

Já o campus tecnológico empresarial será um espaço para a edificação de centros de pesquisa pelas empresas, que poderão ali desenvolver os seus próprios produtos. Na mesma via, o centro de inovação tecnológica funcionará como o braço institucional para a extensão.

O centro negocial, como o nome indica, será destinado à realização de negócios e à otimização e eficiência dos processos econômicos. “Um centro empresarial deve contar com os agentes ativos do mundo dos negócios, instalados aqui com suas empresas, e com a expertise oriunda da academia, vinda dos centros de formação e excelência”, menciona o projeto teórico.

No quesito utilidades, está o centro esportivo, que contará com pista de atletismo, piscinas, quadras poliesportivas, ginásio e prédio de desportos. Além disso, também está calculada a construção de um bosque para recreação e lazer. Esses espaços ficarão bem na entrada do parque tecnológico.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

A princípio, segundo o professor doutor Ádnei Marinho, o parque terá status de fundação, o que permitirá que ele aja como uma agência autônoma indutora de uma corrente de ações específicas com o fito de unir esforço privado e comprometimento estatal na busca do desenvolvimento tecnológico de Carajás.

A previsão para o estabelecimento da iniciativa “Parque Tecnológico de Carajás” conta com a dinâmica mínima de instalação de uma pré-estrutura, a partir da qual o crescimento será encaminhado para a maturidade almejada. “Ela precisa ser construída em até 5 km de uma cidade como Marabá e Parauapebas”, explica Ádnei.

Outras instituições de ensino superior públicas também podem encampar a ideia, entre as quais a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e a Universidade do Estado do Pará (Uepa). Com o tempo, outros atores devem se unir à proposta. (Da Redação)