Correio de Carajás

Prefeitura de Marabá não admite 2ª onda de covid-19, mas volta a fechar a Orla

A Prefeitura de Marabá realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10) para anunciar que retomará as medidas para conter o avanço do novo coronavírus, que apesar de não confirmado, já ameaça trazer a segunda onda da covid-19. A primeira atitude será o fechamento da Orla Sebastião Miranda neste fim de semana, por ser o local onde reúne mais aglomerações.

A coletiva foi realizada no auditório da Prefeitura, na Folha 32, e contou com o secretário Municipal de Saúde, Valmir Moura; o secretário Municipal de Segurança Institucional, Jair Guimarães; o superintendente regional da Polícia Civil, delegado Thiago Carneiro; o comandante do 4º BPM, coronel Dayvid Sarah Lima; e o coordenador municipal de Vigilância Sanitária, Daniel Soares.

Valmir abriu a coletiva argumentando que Marabá ficou por dois meses em uma “calmaria” com estabilidade de novos casos, mas lembrou que a pandemia ainda não acabou. O secretário também criticou a postura da sociedade que não está se protegendo e vem se aglomerando cada vez mais, principalmente os jovens.

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“Estamos acompanhando no noticiário nacional que temos 17 Estados no vermelho, seis no amarelo e apenas três no azul, o que indica a segunda onda. Ontem estávamos com 40 leitos disponíveis para pacientes com covid-19 e 34 estavam ocupados, sendo a maioria dos pacientes idosos com alguma comorbidade. Há nove leitos de UTI e três pediátricos, sendo os demais usados para estabilização. Ainda não podemos confirmar que se trata de uma segunda onda, mas percebemos que está aumentando”, admite Valmir.

Ao ser questionado sobre a ausência de medicamentos para tratar a covid-19 e os testes rápidos, o secretário esclareceu que há licitações dando conta das demandas. “Havia testes, na verdade, mas eles estavam dando falso positivo, e nosso corpo técnico suspendeu essas unidades. Os próximos que virão estarão na normalidade”, garantiu.

O titular da saúde municipal argumentou que o fechamento do Hospital de Campanha retirou uma retaguarda da Prefeitura, que agora precisa atender os 23 municípios da região por ser cidade polo, somente com o HMM. “Pedimos encarecidamente que a população se cuide. Estão vindo as festas de fim de ano que causam muitas aglomerações e o vírus pode ser transmitido em um desses encontros. Vamos ter cuidado”, alertou Valmir.

Jair Guimarães concordou que a situação é crítica e que por isso precisaram repensar ações de segurança. A SMSI já avaliou os dados repassados pela Saúde Municipal, que indicaram uma necessidade de dar as mãos novamente à Vigilância Sanitária, tendo até que tomar algumas medidas amargas, como definiu, mas, que são importantes para proteger a população.

“Os decretos sempre foram consensuais, fomos endurecendo quando preciso e flexibilizando quando era possível. E está na hora de mais uma vez apertarmos as medidas novamente. Vamos nos integrar com as Polícias Militar e Civil, fiscalizando e mostrando que o Poder Público está preocupado com a população”, explicou Jair.

A primeira atitude drástica a ser tomada pela segurança da Prefeitura será o fechamento da Orla no próximo final de semana, para evitar aglomerações ocasionadas por carros de som, conforme exemplificou Jair. “As pessoas ainda poderão transitar a pé, ir até os bares e restaurantes do nosso cartão postal. Porém, veículos não poderão circular pela via”, antecipou.

A Orla será fechada a partir das 18 horas desta sexta-feira (11) e volta a ser aberta para o tráfego de veículos na segunda-feira (14), pela manhã, conforme estimou Jair, seguindo a mesma dinâmica dos decretos que a fecharam anteriormente.

O coronel Dayvid lembrou que as ações da PM já iniciaram desde o dia 3 de dezembro, com a operação Festas Seguras, sendo que não haverá nenhuma novidade nas ações dos militares. “Houve uma resistência da população em entender a questão da segurança, mas não existe justificativa para a ignorância”, destacou o militar.

Ele também ratificou que a PM está em integração junto aos órgãos de segurança da SMSI, da Saúde Municipal e da Polícia Civil. “Algumas ações serão retomadas, não da mesma forma como no início, porém, isso vai depender dos números da SMS”, finalizou o coronel.

Daniel Soares, da Vigilância Sanitária, informou que será trabalhado conforme o quadro epidemiológico da doença, que teve uma regressão, mas retornou com o aumento de casos. Ele relembrou dos meses entre abril a julho, que foram os mais intensos em termos de ações e operações do setor.

“Desde ontem, nossas equipes interromperam as vistorias para focarmos na fiscalização dos decretos por parte das empresas e população. Nossa meta é trabalhar ao longo desse resto de semana e na seguinte, nas fiscalizações ostensivas para reduzirmos esses números, sem intervir na área comercial. Sabemos que estamos em um período de festas de fim de ano, porém, se o cenário se agravar, teremos de reforçar as medidas, uma vez que o interesse público deve estar acima do particular”, disse Daniel.

O delegado Thiago Carneiro também ratificou o apoio da Polícia Civil nas ações e disse que atuarão de forma repressiva, cumprindo os decretos vigentes.

Ele acrescentou que a Divisão de Polícia Administrativa (DPA) já está comunicando os donos de estabelecimentos sobre as ações e quem desobedecer poderá ser conduzido à delegacia, respondendo procedimento criminal nos artigos 268 e 330. “A nossa intenção é orientar, entendemos a situação da economia, mas o momento requer segurança”, conscientizou Thiago.

SESPA DE FORA?

As autoridades da Prefeitura foram questionadas sobre a representação da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), que deveria ser um órgão integrado no combate à possível nova onda do novo coronavírus. Valmir admitiu a falha em não ter convidado a representante da Sespa na região, para a coletiva, mas amenizou, alegando que estão sempre em contato.

“Ontem à noite falei muito com ela sobre essa questão e sempre peço ajuda da Sespa em reforços para essa luta. Com o fechamento do Hospital de Campanha, alguns recursos ficaram disponíveis. Mas, direcionaremos esses pedidos formalmente ao próprio governador, Helder Barbalho, para que seja dado apoio ao município, que atualmente atende toda região Carajás”, informou o secretário de Saúde.

AMBIENTES NOTURNOS E FESTAS DE ANO NOVO

Internautas que acompanhavam a transmissão ao vivo da coletiva pelo Instagram do Correio de Carajás, questionaram a fiscalização em ambientes noturnos, que vem funcionando em inconformidade a sua finalidade, como bares que evoluíram para boates desde a flexibilização dos decretos.

Em resposta, Daniel Soares garantiu que a Vigilância Sanitária tem conhecimento da situação e que desde ontem os bares foram informados que não podem se revestir de uma atividade e exercer outra. “Eles serão notificados quanto a isso também, caso desobedeçam”, garantiu.

O horário máximo de funcionamento continua sendo o mesmo, conforme decreto, até as 2 horas da manhã.

Sobre as festas de fim de ano, foi reforçado que a Prefeitura cancelou a comemoração do Réveillon e as confraternizações internas da Gestão Municipal. Mas, o Correio de Carajás questionou se a fiscalização ocorrerá assim mesmo para evitar aglomerações em vias públicas e em eventos particulares já confirmados e que estão vendendo ingressos ao público.

“Para conseguirmos fiscalizar tudo, precisaríamos ter um policial para cada ponto. Mas, faremos o possível com os órgãos integrados e teremos rondas em todos os quatro núcleos da cidade. Acreditamos que a sociedade primeiramente precisa fazer sua parte, para contribuir com nosso trabalho”, sintetizou Jair.

Finalizando, o secretário da SMSI comunicou que qualquer situação que fuja da normalidade ou do estabelecido pelos decretos, pode ser denunciada pelo Disque Denúncia, por meio do telefone 3312-3350, no WhatsApp pelo (94) 98198-3350, pelo plantão da Semma no 3323-0571, (94) 99233-0523 ou pela Vigilância Sanitária no 3323-2020.

CAMPANHA ELEITORAL

Outro questionamento dos internautas foi levado para as autoridades em função da frouxidão da fiscalização durante a campanha eleitoral, que proporcionou diversas aglomerações, inclusive com a negligência do uso de máscara e outras desobediências aos decretos.

Daniel justificou a tomada de atitude tardia devido aos números de casos que passaram a aumentar apenas agora. “Até o dia 30 de novembro, a doença estava controlada e era possível perceber isso pelos boletins epidemiológicos. O pico começou do dia 1º de dezembro para cá e foi no decorrer desta semana que começamos a ter uma queda”, finalizou. (Zeus Bandeira)