Correio de Carajás

Prefeito Jeová manda cortar 100 árvores no centro de Canaã

As motosserras trabalham a todo vapor. Funcionários de uma empresa terceirizada pela Prefeitura de Canaã dos Carajás, aos poucos fazem desaparecer o verde que havia na movimentada avenida.

Imagens de celular foram gravadas por moradores indignados com a cena. A retirada feita sem consultar a população do município, segundo o prefeito Jeová Andrade, faz parte da segunda etapa da obra de revitalização da via que vai custar aos cofres públicos de Canaã quase R$ 7 milhões.

Segundo a prefeitura, o corte foi autorizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Canaã, a pedido da Secretaria de Planejamento Municipal. No total, mais de 100 árvores já foram arrancadas do canteiro central da avenida, entre elas uma espécie bem conhecida na cidade: o Ipê, que nesta época do ano costumava embelezar Canaã com as floradas coloridas.

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A prefeitura diz que no lugar das árvores serão construídas calçadas, ciclovias e estacionamentos.

Para os moradores, além da ameaça ao meio ambiente, o corte contribui ainda mais com a falta de arborização urbana do município, que já sofre com as elevadas temperaturas em pleno verão amazônico.

Para Danilo Andrade, técnico em geologia e impactos ambientais, estão suprimindo as árvores e as palmeiras do canteiro. “Isso é de cortar o coração porque uma cidade que não cumpre nem se quer um terço do que rege a lei ambiental no tocante à arborização dos meios urbanos está destruindo o pouco que ainda possui. “Além de desolador, causa repulsa porque essa obra de revitalização não está em conjunto com a preservação da vegetação já existente. Será que foi feito um estudo de aspecto e impacto ambiental?”, questiona o morador.

Danilo diz que é técnico em minas e geologia com ampla experiência em implantação de projetos de capital com verificação de execução de EIA-RIMA, com elaboração de planos de recuperação de áreas degradadas, os chamados PRADS. Ele questiona: “Quais as condicionantes ambientais que esta obra possui? A Semmas emitiu parecer técnico? Há autorização dos demais órgãos ambientais para que essa supressão seja executada?  Eis a grande incógnita de uma cidade que tem seus mananciais poluídos com esgotamento sanitário domiciliar e carente de ações efetivas de preservação ambiental”, desabafa Danilo. (Nyelsen Martins é Kevin William)