Atualização 1 de abril de 2021 por Carol de Souza
A Semana Santa comemora a ressurreição de Jesus Cristo e um dos costumes mais tradicionais na Sexta-Feira Santa (2 de abril neste ano) é o de não comer carne, em respeito ao sangue de Cristo derramado em sua crucificação. O consumo de peixe, mais que outros frutos do mar, cresce no período, e em Parauapebas a procura pelo alimento – e a preocupação com o preço – já começou.
O reajuste no valor já é sentido em Parauapebas, como na Feira do Produtor, onde Manoel Marques, que comercializa pescado há 20 anos, cita ter notado aumento por volta de 15% no valor do quilo da Dourada em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o comerciante de 56 anos afirma estar na expectativa de vender muito, uma vez que a Semana Santa sempre é um período próspero para ele.
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Segundo o escritório do O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) no Pará, o preço do quilo do peixe em mercados municipais de Belém sofreu até 30% de reajuste entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, como foi o caso da Dourada, um dos peixes mais procurados pelos consumidores. Outros tipos de pescado muito requisitados como Filhote (22,37%) e Pescada Amarela (22,07%) também aumentaram de valor na capital paraense. Essas três espécies, segundo Manoel, são as mais procuradas no ponto de venda dele.

Maria da Piedade foi ao Mercado Municipal para comprar peixe e não deixou de se queixar dos preços considerados “bem abusivos” por ela. A dona de casa de 61 anos ainda pontuou que, apesar do valor, depois da pandemia, “o peixe foi o que menos subiu [de preço]” enquanto o resto da mercadoria “até triplicou”, chamando a atenção para a alta dos preços em outros itens alimentícios. Mesmo assim, comprou seis Bagres para a tradicional refeição da sexta – que será complementada com ovo, para economizar.

A diferença entre o reajuste sofrido pelo peixe em relação a outros alimentos também foi percebida por Carlos Antônio, operador industrial. Ao ser entrevistado pelo Correio de Carajás na Feira do Produtor, o homem de 47 anos diz que “apesar de tudo estar mais caro, como carne e óleo de cozinha, o peixe continua acessível”, adicionando que é normal o peixe ficar mais caro na semana de Páscoa. Perguntado quanto à sua preferência, disse que comprou Tambaqui e que também gosta muito do Pintado.

Com a Semana Santa coincidindo com o fim do lockdown, no último domingo (28), Raimundo de Oliveira tem esperança de que as vendas de peixe voltem a subir após período escasso para os comerciantes. Ele vende peixe há 30 anos em Parauapebas e em seu ponto, no Mercado Municipal, conta que estava vendendo bem antes da semana passada, quando as restrições de circulação de pessoas reduziram o fluxo de clientes. Ao passo em que se aproxima a Sexta-Feira Santa, a fé católica e a economia motivam a esperança de Raimundo e de outros feirantes. (Juliano Corrêa)