A Semana Santa comemora a ressurreição de Jesus Cristo e um dos costumes mais tradicionais na Sexta-Feira Santa (2 de abril neste ano) é o de não comer carne, em respeito ao sangue de Cristo derramado em sua crucificação. O consumo de peixe, mais que outros frutos do mar, cresce no período, e em Parauapebas a procura pelo alimento – e a preocupação com o preço – já começou.
O reajuste no valor já é sentido em Parauapebas, como na Feira do Produtor, onde Manoel Marques, que comercializa pescado há 20 anos, cita ter notado aumento por volta de 15% no valor do quilo da Dourada em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o comerciante de 56 anos afirma estar na expectativa de vender muito, uma vez que a Semana Santa sempre é um período próspero para ele.
Segundo o escritório do O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) no Pará, o preço do quilo do peixe em mercados municipais de Belém sofreu até 30% de reajuste entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, como foi o caso da Dourada, um dos peixes mais procurados pelos consumidores. Outros tipos de pescado muito requisitados como Filhote (22,37%) e Pescada Amarela (22,07%) também aumentaram de valor na capital paraense. Essas três espécies, segundo Manoel, são as mais procuradas no ponto de venda dele.
Leia mais:Maria da Piedade foi ao Mercado Municipal para comprar peixe e não deixou de se queixar dos preços considerados “bem abusivos” por ela. A dona de casa de 61 anos ainda pontuou que, apesar do valor, depois da pandemia, “o peixe foi o que menos subiu [de preço]” enquanto o resto da mercadoria “até triplicou”, chamando a atenção para a alta dos preços em outros itens alimentícios. Mesmo assim, comprou seis Bagres para a tradicional refeição da sexta – que será complementada com ovo, para economizar.
A diferença entre o reajuste sofrido pelo peixe em relação a outros alimentos também foi percebida por Carlos Antônio, operador industrial. Ao ser entrevistado pelo Correio de Carajás na Feira do Produtor, o homem de 47 anos diz que “apesar de tudo estar mais caro, como carne e óleo de cozinha, o peixe continua acessível”, adicionando que é normal o peixe ficar mais caro na semana de Páscoa. Perguntado quanto à sua preferência, disse que comprou Tambaqui e que também gosta muito do Pintado.
Com a Semana Santa coincidindo com o fim do lockdown, no último domingo (28), Raimundo de Oliveira tem esperança de que as vendas de peixe voltem a subir após período escasso para os comerciantes. Ele vende peixe há 30 anos em Parauapebas e em seu ponto, no Mercado Municipal, conta que estava vendendo bem antes da semana passada, quando as restrições de circulação de pessoas reduziram o fluxo de clientes. Ao passo em que se aproxima a Sexta-Feira Santa, a fé católica e a economia motivam a esperança de Raimundo e de outros feirantes. (Juliano Corrêa)