Correio de Carajás

Precisamos falar sobre Marrocos

Foto: (Karim Jaafar / AFP)

Quando eu gravei um vídeo para o Instagram deste Correio, em 23 de novembro, horas antes da estreia de Marrocos na Copa do Mundo e disse que o time africano-árabe iria aprontar na competição, muita gente pensou que era um chute no escuro. Era um chute sim, mas no escuro não.

Eu não estava um belo dia deitado no sofá e pensei: “Marrocos! Vou dizer que Marrocos vai ser a zebra da Copa”. Não, não. Eu não fechei o olho e chutei de qualquer jeito. Eu vi que o goleiro pulava antes e dei uma cavadinha no meio do gol (sim, é uma referência ao pênalti de Hakimi contra a Espanha).

Houve pesquisa. Vamos lá: formado por 14 jogadores que nasceram fora do País, alguns deles atuando em clubes renomados da Europa, o selecionado marroquino já havia dado mostras de que seria um páreo duro para os adversários, até porque, pelas notícias de sites especializados, estava claro que não havia problemas no vestiário e isso conta muito em competições de tiro curto. Quem jogou bola sabe.

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E embora tenha caído em um grupo com Bélgica e Croácia, a força física, a velocidade, a técnica e a organização tática que o time já havia mostrado nos jogos contra Chile e Paraguai, pertinho da estreia, denunciavam que havia conteúdo naquele grupo.

Tudo bem que, quando eu disse que Marrocos seria a grande zebra que iria “aprontar” para cima dos grandes, jamais imaginei que chegaria a uma semifinal, muito menos eliminando Espanha e Portugal. Imaginei que chegaria nas quartas de final e tudo bem. Mas o feito alcançado por esse time foi demais até mesmo para as minhas projeções otimistas.

E que bom que o futebol, cada vez mais aprisionado no esquematismo da razão instrumental, ainda nos brinda com algumas surpresas. Ainda bem que este esporte carrega em seu cerne os acasos incontornáveis que constituem um “obstáculo resistente ao exercício triunfante da razão controladora”.

Que em 2026 venham outros Marrocos! O futebol agradece. (Chagas Filho)

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.