Não sabemos se por inspiração no clássico do escritor Chuck Palahniuk – adaptado ao cinema por David Fincher –, mas frequentadores da Praça São Francisco, no Núcleo Cidade Nova, em Marabá, decidiram transformar o local em verdadeiro ringue de “Clube da Luta”.
A internet e as redes sociais, contudo, não respeitaram as regras de não se falar sobre o clube e, desta forma, vídeos dos embates foram parar no Instagram e rapidamente circularam também em outras redes sociais.
As imagens gravadas na noite desta quarta-feira (16) e divulgadas pelo usuário xandepaixao_ mostram duplas alternadas trocando golpes semelhantes aos praticados no boxe. Os lutadores chegam a se apresentar tentando aparentar certo profissionalismo, usando luvas, mas o esporte é praticado de forma totalmente amadora.
Leia mais:O público que acompanha animado a luta é formado majoritariamente por gente jovem demais para estar desacompanhada em praça pública à noite. Além das crianças em torno, os quatro competidores não parecem muito mais velhos, provavelmente adolescentes.
Enquanto os envolvidos trocam golpes – com direito à mediação de um juiz –, o responsável pela gravação narra a cena. “Do nada, uma luta na praça! É muita cultura nessa praça”. Quando a troca de golpes esquenta e os espectadores se exaltam, o narrador avalia que a ideia pode não ser das melhores: “quando você sabe que o negócio vai dar merda, tá na cara que vai dar merda, só não vê que não quer”, comenta.
Em outro vídeo, as cenas são animadas pela música The Eye of The Tiger, da banda Survivor, um tema clássico para embalar lutas. Quatro jovens participam da ação e um chega a cair com um soco recebido no rosto. Ao final, um deles, aparentemente o vencedor, mostra um pedaço de papel que provavelmente é o prêmio.
CONSELHO TUTELAR
O Correio de Carajás ouviu o Conselho Tutelar do Núcleo Cidade Nova sobre o assunto. O coordenador Franklan Rodrigues de Souza, que estava de plantão na noite desta quarta, afirma não ter recebido qualquer denúncia sobre a aglomeração de menores de 18 anos na praça ou a luta improvisada.
Segundo ele, informações como esta eram frequentes até ano passado, quando a entidade se reuniu com órgãos de Segurança Pública que passaram a monitorar a situação. No caso das praças, diz, a Guarda Municipal de Marabá costuma fazer as rondas e quando identifica criança ou adolescente em situação vulnerável o encaminha ao Conselho Tutelar.
“Geralmente a gente recebe alguma denúncia e vai averiguar, mas faz algum tempo que não recebíamos desta natureza. O pessoal da Guarda Municipal estava passando por lá desde quando pedimos ajuda neste sentido”, afirma.
Ainda conforme o coordenador, a entidade vai avaliar a situação e, se necessário, realizar visitas ao espaço. No caso de serem identificados menores de 18 anos em risco, o trabalho dos conselheiros é orientar as famílias. “Persistindo, a gente adverte e requisita a rede para fazer o acompanhamento e atender esses menores”.
A Reportagem também procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Marabá a fim de ouvir o posicionamento da Guarda Municipal, mas não recebeu retorno até o momento. (Luciana Marschall)