Correio de Carajás

Postura: Lanterneiro é retirado de local onde trabalhou por mais de 30 anos

O lanterneiro Benedito Cardoso Martins viu parte de sua história ser demolida na manhã de ontem, quarta-feira (20). Após trabalhar mais de 30 anos em um barraco construído às margens da Rodovia Transamazônica (BR-230), na Folha 31, Nova Marabá, foi alvo de desocupação pela equipe do Departamento de Postura, da Prefeitura Municipal de Marabá.

“Único sustento que tenho, trabalho com lanternagem, pinturinha, se me tirar daqui do que eu vou viver? Eu já tô com 56 anos, cheguei aqui com 20 anos. Estamos clamando pelas autoridades para socorrer a gente, nesse momento a família do pastor Benedito, o lanterneiro, está pedindo socorro de juiz, de desembargador! Não podem chegar na força bruta. Marabá é Brasil, tem ordem”, desabafou.

No último dia 15, ele chegou a procurar a 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil e registrar boletim de ocorrência informando outra tentativa de desocupação. Conforme ele, homens da Postura e da Guarda Municipal chegaram ao local às 22 horas e destruíram o barraco, além de cortar a energia, sem ordem judicial ou qualquer documento em mãos.

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“Esse terreno não é área da prefeitura, é área do DNIT, que é órgão federal. Cortaram minha energia e a prefeitura não pode cortar minha energia, tem o risco de pegarem um choque ainda porque não são capacitados para isso”.

Ao Portal Correio de Carajás, o responsável pelo Departamento de Postura, Túlio Rosemiro, informou que Benedito foi notificado ao menos três vezes para deixar o local e que havia placa de venda ou aluga-se no barraco.

“A gente tinha notificado já há um tempo e observando nos últimos dias estava com placa de venda e aluguel e é área pública, não se vende. A área é federal, está na margem urbana do município e nossa gestão não permite venda de área pública, inclusive o Ministério Público nos orientou a desocupar as áreas públicas”, disse, acrescentando que foi concedido prazo para desocupação.

“Demos prazo para retirar e ele não retirou. Ele tentou entrar com uma liminar judicial, mas como não há qualquer documentação da área, porque é pública, não recebeu. Já notificamos mais de uma vez e por fim demos prazo de 72 horas porque estava com placa de venda e alugue-se”, finalizou. (Luciana Marschall – com informações de Evangelista Rocha)