Correio de Carajás

Polícia localiza jet-ski envolvido em acidente

Até às 21 horas de ontem (24), a Polícia Civil estava tomando depoimento de funcionários da náutica onde foi encontrada a moto aquática possivelmente envolvida em ocorrência fatal na noite de 22 de agosto. O piloto, não identificado ainda, colidiu o veículo contra uma voadeira, no Rio Tocantins, entre a Praia do Tucunaré a Colônia de Pescadores Z-30. O caso teve como vítima o protético Valdicleison Lopes de Oliveira, de 31 anos. A moto aquática, avariada, foi localizada e periciada ontem pela manhã.

Valdicleison perdeu a vida por conta da imprudência de um “piloto” de jet-ski/ Foto: Divulgação

De acordo com o delegado Vinícius Cardoso, da Polícia Civil, desde a noite de sábado e durante todo o domingo, as investigações não pararam e os primeiros resultados já foram obtidos. “Nos logramos êxito de identificar um veículo que, ao que tudo indica, estava envolvo nesta morte”, afirma o delegado.

Ainda segundo o delegado, a moto aquática suspeita foi periciada e ficou guardada mesmo na náutica. “O pessoal da náutica não confirmou que foi o mesmo jet que se envolveu no acidente… Eu pedi para a perícia fazer compatibilidade entre as avarias apresentadas nesse jet e os fragmentos que foram deixados”, declarou o delegado informando que, durante esta semana, irá ouvir o dono da moto aquática periciada. O certo é que o condutor que for identificado como responsável pelo acidente responderá a processos por homicídio culposo e omissão de socorro.

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O acidente

Segundo Valmir Lopes de Oliveira, irmão da vítima, parte da família estava acampada na Praia do Tucunaré. Eles estavam fazendo uma “viagem” entre a cidade e a praia para comprar mantimentos e outras coisas que precisavam. E foi justamente numa dessas travessias que tudo aconteceu. Valdicleison havia voltado ao estacionamento da Colônia Z-30 pra travar seu carro que não estava travando as portas.

A moto aquática atingiu a voadeira bem no lugar onde estava Valdicleison

Quando a moto aquática (jet-ski) bateu na voadeira, quem pilotava era o próprio Valdicleison, mas havia outras três pessoas na embarcação. Segundo Valmir, o jet-ski bateu no seu irmão e, com o impacto, ele foi arremessado de cabeça contra a lateral da voadeira, sofrendo trauma craniano e morrendo na hora.

Nesta imagem ilustrativa, de arquivo, piloto faz manobras com jet próxima da praia/ Foto: Arquivo

Revolta

O que mais deixa a família revoltada é o fato de que o piloto da moto aquática fugiu sem prestar socorro, sem ao menos procurar saber o estrago que tinha feito, deixando para trás não apenas uma pessoa morta, mas uma família despedaçada pela perda de um pai de família, ainda jovem e trabalhador, que estava se divertindo com a família.

Diante de tudo isso, Valmir Oliveira cobra que as providências sejam tomadas, até porque o condutor do jet-ski, possivelmente, estava embriagado. “Minutos antes do acidente, viram ele próximo do flutuante. Ele quase chegou a bater no flutuante. Então, provavelmente, ele estava fora de si”, declarou.

“O que a gente quer é justiça e que esse crime não possa ficar impune, porque, na verdade, o cara quando bebe e pega um tipo de embarcação dessa, está assumindo o risco do que vai acontecer, e a gente está muito indignado, a gente está pedindo em nome da família…”, declarou Valmir, durante o velório ontem de manhã, sem conseguir completar a frase, de tão emocionado que estava.

Valmir Oliveira diz que a família está arrasada e cobra justiça/ Imagem: Ricardo Magno/TV Correio

Ainda segundo Valmir, quando ele e seu irmão foram fazer a travessia, tomaram todas as precauções para navegar à noite, mas o condutor da moto aquática não respeitou nada disso. “A gente estava sinalizado, o piloto da voadeira, que era meu irmão, estava com uma lâmpada na cabeça, o barco estava sinalizado, a gente estava com os celulares tudo aceso”, observa.

De fato, a reportagem do Correio de Carajás, conversou por telefone com o barqueiro que prestou socorro às demais pessoas que estavam na embarcação da vítima, e ele informou que depois de ouvir o barulho da batida, viu as luzes da voadeira ao longe e foi até lá para socorrer os sobreviventes.

Minutos depois do acidente, a reportagem do Correio conversou com Rogério Barbosa de Brito, cunhado da vítima. Ele disse que Valdicleison havia recebido parentes do Maranhão em sua casa e resolveu passar o final de semana com eles acampado na Praia do Tucunaré. Ele morava no Bairro Novo Horizonte (Cidade Nova) e deixou viúva e dois filhos órfãos de pai.

Por sua vez, o cabo R. Souza, da Polícia Militar, informou que sua equipe foi acionada por volta das 21h e, ao chegar ao local, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) já estava atendendo outras duas vítimas do acidente, que sobreviveram.

Ainda na noite do acidente circulou a informação de que o condutor da moto náutica teria se apresentado à Delegacia de Polícia, na Folha 30, mas até ontem à noite isso não havia acontecido. (Chagas Filho, Josseli Carvalho e Ulisses Pompeu)

SAIBA MAIS

Conforme as Normas da Autoridade Marítima para Embarcações (Normam), as motos aquáticas – o famoso jet-ski – são proibidas de circular à noite, porque essas embarcações não possuem luzes de navegação.

Capitania responde com nota sobre o ocorrido

Em nota, após ser procurada por telefone pelo CORREIO, a Assessoria de Comunicação da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), que fica em Belém, informou que a Marinha do Brasil, por intermédio da CPAOR, tomou conhecimento, ontem (24), por meio de matéria publicada em site de notícias, de que um homem foi morto por moto aquática em alta velocidade no Rio Tocantins, em Marabá, no sábado (22).

Diz a nota: “Uma equipe de Inspetores Navais da CPAOR será encaminhada para o local a fim de coletar mais dados. A Capitania irá instaurar inquérito administrativo para apurar possíveis causas e responsáveis pelo fato.”

“A CPAOR disponibiliza vídeos e spots no site www.marinha.mil.br/cpaor/, contendo informativos para proprietários e passageiros de embarcações sobre segurança da navegação. A Marinha do Brasil conclama a sociedade a participar ativamente nesse esforço de fiscalização, informando qualquer situação que possa afetar à segurança do tráfego aquaviário, a salvaguarda da vida humana no mar e vias navegáveis ou que represente risco de poluição ao meio hídrico, por meio do Disque Emergências Marítimas e Fluviais: 185 – (91) 3218-3950 ou (91) 99114-9187 (aplicativo de mensagem instantânea)”, diz o documento.