Correio de Carajás

Recrutas do Exército são liberados, mas arma não apareceu

Na manhã de ontem (24), os 282 recrutas que estavam fazendo o Estágio Básico do Combatente de Selva no 52º Batalhão de Infantaria de Selva (52 BIS) foram liberados. Eles deveriam ter sido liberados ainda na manhã de sábado (22), mas foram impedidos porque uma pistola pertencente a um militar (provavelmente um oficial) desapareceu e eles tiveram de vasculhar a área para tentar localiza-la. A situação gerou tumulto entre os familiares que aguardavam a liberação dos militares na porta do quartel e ele chegaram a interditar a BR-230, em protesto. No fim das contas, a arma nunca apareceu e um procedimento interno vai investigar o fato.

Ontem pela manhã, o major Rodrigo, da Seção de Comunicação Social do Exército, explicou que durante a madrugada de sábado foi verificada a falta do “material”. Aliado a isso, segundo ele, algumas instruções precisavam ser recuperadas. Desse modo, o comando decidiu prolongar o exercício.

Assim, os militares ficaram realizando a técnica de “vasculhamento de selva” para confirmar o desaparecimento da arma e, após confirmado, encontra-la. Segundo o major, a demora na divulgação de que o material havia sido extraviado foi natural e se fez necessária porque era preciso confirmar o sumiço e não soltar uma informação prematura.

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A busca por informações foi intensa entre os pais e mães dos militares

Além disso, a situação envolvia muita gente. Eram 282 recrutas, além do pessoal de instrução e apoio, que estavam dispersos na área de selva cumprindo suas missões. Tudo isso demandou tempo.

“Eu gostaria de deixar esclarecido de que desde o primeiro momento, quando foi informado o cancelamento da atividade, o 52 BIS informou a todos que aqui compareceram o que podia ser informado no momento, que todos os militares estavam em plenas condições de saúde”, explicou o major.

Sobre a pistola extraviada, major Rodrigo informou que, de fato, ela não havia sido encontrada e serão tomadas todas as medidas administrativas e investigativas para apurar mais detalhadamente o fato.

Sobre a cerimônia de formatura, que foi cancelada em razão do ocorrido, o major disse que não há previsão para realização de um novo evento. Ele fez questão de informar também que “ninguém foi hospitalizado”, como chegou a ser comentado nas redes sociais. “Houve alguns atendimentos diários na visita médica de rotina, onde é verificada a higidez da tropa diariamente”, explicou.

Protesto

O protesto dos familiares dos militares aconteceu no início da noite de sábado. Na ocasião, cerca de 50 parentes dos recrutas que participaram do Estágio Básico do Combatente de Selva (EBCS) 2020, conhecido popularmente como “Operação Boina”, fecharam a rodovia BR-230, nos dois sentidos, para tentar pressionar o comando do 52 BIS a prestar esclarecimentos precisos sobre as condições físicas e de saúde dos jovens.

À noite, a BR-230 chegou a ser bloqueada durante cerca de uma hora

Na ocasião, os pais alegam que foram convidados para a cerimônia, mas, além de o evento ter sido cancelado, eles estavam sem notícias dos recrutas. Durante a interdição da pista de rolamento (que durou cerca de uma hora), a fila de veículos foi grande em frente ao quartel, irritando condutores, que estavam sem entender o motivo do bloqueio.

Uma negociação acalmou um pouco os ânimos dos manifestantes. Dois pais foram escolhidos para entrar no quartel, ver as condições em que estavam os jovens e repassar as informações para os demais. E assim aconteceu. (Chagas Filho, Theíza Cristhine, Ulisses Pompeu e Josseli Carvalho)