Correio de Carajás

PM e Civil têm interrogações sobre assassinato do sargento Pinheiro

O mistério paira sobre o assassinato do sargento Josafá Pinheiro da Silva, da Polícia Militar de Itupiranga, ocorrido no inicio da tarde de sábado (19), na BR-230, sentido sede do município e a Vila Cajazeiras. Na manhã desta segunda-feira (21), as equipes de Reportagem do Grupo Correio foram em busca das fontes oficiais a fim de apurar novas informações que possam ter surgido até o momento.

A primeira parada foi no Comando de Policiamento Regional II (CPR II), onde foi apurado que os oficiais do órgão e do 34º Batalhão da Polícia Militar (34º BPM) estiveram no local, onde o corpo estava, para fazer levantamento do fato e dar celeridade no isolamento do local até a chegada das equipes do Instituto Médico Legal e do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, além de contribuir para que a perícia fosse feita da melhor forma possível.

Ainda segundo informações do CPR II, foi possível constatar, a olho nu, que o sargento Pinheiro foi vítima de disparos de arma de fogo calibre .12, além de algumas constatações que chamaram a atenção da equipe do IML e Homicídios, como a localização do corpo e do veículo, além de outros detalhes levantados. Porém, não informaram quais foram elas.

Leia mais:

Também foi apurado que o PM foi alvejado com três tiros, sendo um no rosto, outro no ombro esquerdo e o terceiro na altura da costela esquerda. Pelas imagens que viajaram pelos grupos de WhatsApp no dia do crime, o carro estava estacionado sentido Itupiranga, com o sinal de alerta ligado e o freio de mão acionado. O corpo estava jogado para fora, apresentando hematomas no rosto, que a perícia deve confirmar de onde surgiram.

O CPR II informou que a PM e a Polícia Civil estão trabalhando em parceria em busca de respostas para a morte do sargento. Também foi confirmado que Josafá estava acompanhado de uma pessoa na Vila Cajazeiras e havia almoçado por lá.

No Distrito, há várias informações diferentes que estão sendo apuradas em sigilo pelas equipes de investigação e todas as pessoas possivelmente envolvidas também foram chamadas para serem ouvidas.

Imagens de circuitos de segurança que possam ter registrado os passos de Josafá até o local de sua morte serão procuradas pelo Departamento de Homicídios. A esposa do sargento levará seu corpo para Santana do Araguaia, onde deve ocorrer o velório e sepultamento.

O CPR II acrescentou à Reportagem que se o velório fosse realizado em Itupiranga, haveria uma preparação de um esquema de segurança para evitar eventuais aglomerações, devido Pinheiro ser muito querido e, ao mesmo tempo, temido. O comando o considerou um ícone na região de Cajazeiras e Itupiranga por tratar de maneira pesada os criminosos da região.

A Reportagem do Grupo Correio também entrou em contato com o delegado Timóteo de Oliveira, que atendeu o caso do sargento Pinheiro, mas não acrescentou em muito além de informar que diversas “coisas ainda serão verificadas”, como trajeto do GPS, imagens de câmeras de estabelecimentos e a perícia de impressões digitais no carro. “Até o momento não há informações de quem possa ter cometido o homicídio”, disse o delegado.

REPUTAÇÃO

A fama de temido não é novidade, tendo o Portal Correio já noticiado sobre Josafá em alguns momentos, como quando perseguiu dois assaltantes que estavam numa moto praticando assaltos em Itupiranga no ano de 2017, e conseguiu colocar a dupla atrás das grades. Eles eram Francinaldo Marinho da Conceição, o Dodô, de 19 anos, e Lucas Queiróz Alexandre, de 21.

Josafá foi denunciado pelo Ministério Público Estadual como integrante de uma organização criminosa envolvida em execuções no município de Itupiranga, tendo sido preso em uma operação relacionada à morte do conselheiro tutelar Rondinele Salomão Maracaípe, executado a tiros em 11 de janeiro de 2017.

O conselheiro tutelar foi morto a tiros por volta das 15h30, na Rua Santo Antônio, no Centro de Itupiranga. Além dele, outro conselheiro, Jorge Edilson Ferreira, foi baleado à altura do abdômen e socorrido para o Hospital Municipal de Marabá (HMM) por uma ambulância do município de Itupiranga.  O caso ganhou rápida repercussão no município e em todo o estado, mobilizando forças policiais para esta região e posicionamento de parlamentares paraenses.

Em 2019, julgadores da Seção de Direito Penal do Tribunal de Justiça do Estado do Pará decidiram, em unanimidade, durante reunião, desaforar o julgamento de sete acusados, entre eles, Josafá, por envolvimento na morte de Rondinele e Jorge Edilson.

Mas não para por aí, pois o MP, à época, requereu a transferência do caso, argumentando haver dúvidas acerca da imparcialidade da sessão, além e demonstrar preocupação com a ordem pública, vez que a comunidade de Itupiranga apresenta ter medo dos envolvidos. Foi relatado, ainda, que testemunhas foram ameaçadas.

O militar estava solto, há alguns meses, aguardando um recurso contra sua condenação, porém, foi morto antes. (Zeus Bandeira, Chagas Filho, Evangelista Rocha e Josseli Carvalho)