A novela das eleições para a nova diretoria do Sindicato dos Empregados do Comércio de Marabá (Sindecomar) continua. Com sede social abandonada, carro apreendido e contas bloqueadas, o imbróglio parece não ter fim e, pela terceira vez, a Justiça do Trabalho impede a realização do pleito, marcado por inúmeras controvérsias.
Questionado pelo CORREIO quanto ao motivo desta nova suspensão, Marlon Farias Pereira, advogado da entidade, narra que o embargo de mais uma eleição se dá em consequência de uma ação movida por uma das chapas concorrentes. “A justificativa deles é que não tiveram tempo hábil para se preparar para as eleições que ocorreram na terça-feira, dia 18. Nós entendemos que quatro ou cinco dias de intervalo é tempo suficiente para a chapa se preparar, se organizar e concorrer”, analisa.
A eleição elegerá a diretoria para o quadriênio 2019–2023. São candidatas as chapas “Renovação e Transparência” (Chapa 1) e “Renovação Hora de Mudar” (Chapa 2), que luta na Justiça para adiar a votação.
Leia mais:De acordo com Marlon, a análise final da chapa liderada pelo atual presidente do sindicato, João Luís da Silva Barnabé, é que a concorrente “Hora de Mudar” tem receio de não vencer as eleições no voto.
“Estamos preparados (para as eleições), cumpriremos a decisão do Tribunal e estimamos que as novas eleições aconteçam agora no mês de março”, avalia.
Marlon explica que, mesmo a eleição acontecendo em Marabá, urnas itinerantes estavam rodando por municípios da região, como São Geraldo do Araguaia, Itupiranga e Brejo Grande do Araguaia, que são representados pelo Sindecomar. Eram sete urnas distribuídas para estes três municípios.
CONTRAPONTO
A Reportagem também ouviu o advogado Rodrigo Albuquerque Botelho da Costa, que defende a Chapa 2. Conforme ele, a atual diretoria não tem legitimidade para conduzir o processo e por isso o impasse persiste. “O mandato da atual diretoria encerrou no dia 23 de dezembro de 2019 e, para nós, eles não têm mais nenhuma legitimidade para conduzir o processo eleitoral”, afirma.
Diferentemente do que diz Marlon, o advogado da chapa “Hora de Mudar” expõe que os três municípios citados por ele (São Geraldo, Itupiranga e Brejo Grande) não são representados pelo sindicato e, por isso, não devem votar.
“O estatuto social do sindicato não alcança os trabalhadores desses municípios. Nós tivemos menos de um dia para ter ciência de que o sindicato estava usando cerca de 400 trabalhadores que não deviam votar e estão fazendo isso”, evidencia.
O principal argumento de sustentação dos processos que a chapa defendida por ele move na Justiça, alega Rodrigo, é a falta de transparência e de publicidade nos atos das eleições.
CONFUSÃO
Rodrigo conta à Reportagem que a eleição realizada na terça-feira foi ‘uma bagunça’. É que o presidente da comissão eleitoral teria xingado apoiadores e integrantes da chapa “Hora de Mudar”. Na visão do advogado, o cargo ocupado por ele exige isenção.
“O presidente da comissão eleitoral estava totalmente alterado e nervoso. Ele é a pessoa para coordenar o processo eleitoral sem paixões e sem lado, mas ele já começou o dia xingando apoiadores e participantes da chapa 2. Isso em plena 6h30, bem cedo”, comenta.
Depois que isso aconteceu, relata Rodrigo, a situação ficou insustentável. Não foi possível acalmar os ânimos de ambas as chapas e uma confusão generalizada se iniciou, com agressões verbais e troca de farpas dos dois lados.
“As pessoas têm sentimentos, elas se sentem ofendidas e não foi possível contornar a situação”, justifica. Ele espera que, a partir de agora, haja transparência para que o processo, enfim, ocorra. (Vinícius Soares)