Correio de Carajás

Pedro do Flamengo e Terezinha põem a boca no trombone

Aos 76 anos, sendo 41 deles na Praia do Tucunaré, Pedro Alves de Sousa – ou simplesmente Pedro do Flamengo – avalia que 2022 está sendo o pior ano de todos para o veranista e para quem precisa trabalhar na praia. “Tião liberou as máscaras, já fez festa de aniversário da cidade, a vida parece que voltou ao normal, mas aqui na praia está tudo anormal. Tá péssimo. Que eu saiba vem verbas pra cá, mas não chega nada por aqui”, começa a falar indignado.

Ao Correio de Carajás, o barraqueiro, que foi um dos primeiros a chegar à Praia do Tucunaré, conta que a falta de estrutura prejudica os turistas que chegam para se divertir.

Sem policiamento durante a semana, os banhistas contam com o apoio apenas do Corpo de Bombeiros, que montou uma tenda no local. “A polícia só vem dias de sábado e domingo. Nos outros dias, ninguém fica seguro aqui. Antigamente, a Prefeitura de Marabá montava tendas para a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Saúde, pessoal do esporte vinha pra cá. Agora nada. Pessoal chega aqui e só tem nossas barracas”, admitindo que sem atrações muitos acabam indo embora ou simplesmente não vão à praia.

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Pedro do Flamengo ressalta que para não perder os clientes, ele mesmo coloca um som, montou uma estrutura para um DJ e assim atrair os veranistas. “Enquanto isso, São João, Palestina e Itupiranga estão com eventos de verão o mês inteiro. Aqui em Marabá, acho que o prefeito esse ano não pegou dinheiro para investir aqui, ou deve estar investindo em outras coisas…”.

A companheira de vida e jornada de trabalho de Pedro, Raimunda Nonata, 53 anos, já acompanha o marido há 30 anos, e conta que 2022 está diferente de todos os outros anos. “Não temos apoio nenhum. Ninguém da prefeitura veio aqui com a gente. Precisamos de policiamento e segurança para os banhistas. Precisamos que o prefeito ajude a gente, porque somos nós que cuidamos dos turistas que chegam na cidade. O turista chega e somos nós que estamos aqui”, lamenta.

FALA, DONA TEREZINHA

Junto com Pedro do Flamengo, Terezinha Rodrigues Sales, 75 anos, foi uma das pioneiras na Praia do Tucunaré. Questionada sobre a falta de apoio e estrutura para o verão, ela admite esse ano as coisas estão bem diferentes nas areias da praia.

“Não tem como tampar o sol com a peneira, o que é verdade tem que ser dito. Parece que nós não somos bem vindos aqui na praia. A gente vem pra cá na raça, com a cara e a coragem. Tenho 45 anos de praia e esse ano nós estamos jogados aqui. A prefeitura não fez nada. Mas a gente tem que trabalhar, por isso estamos aqui”, lamenta.

“Meu amigo Tião está deixando a desejar. Ele é autoridade e não faz nada”, reclama Terezinha, que dá nome a uma das barracas mais famosas

Nesse quase meio século na beira do Rio Tocantins, Terezinha conta que já viu muitos shows e festas, brincadeiras, jogos de verão, e turista de todo canto vindo conhecer e se divertir na Praia do Tucunaré. “Meu amigo Tião está deixando a desejar. Ele é autoridade e não faz nada. Nós não temos nada pra oferecer para os turistas, se não for o peixe frito, não temos mais nada. É triste”, discursa.

Os poucos elogios para o verão estão relacionados à presença do Corpo de Bombeiros e a limpeza feita na praia diariamente pela equipe do Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá.

“Nossa imagem deveria ser melhor. Nossa praia é muito linda, só falta quem cuide. Tião é filho daqui, tinha que arrebentar, fazer as coisas pela praia. O turismo recebe verba. Cadê?”, questiona para a reportagem.

Como um diferencial, Terezinha também utiliza dos sons eletrônicos para animar os banhistas. E para as crianças, por conta própria, disponibiliza um balanço para brincadeiras.