Correio de Carajás

Parauapebas: Passageiros apontam as dificuldades com o transporte público

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Dois ônibus e um trajeto com duração de uma hora e dois minutos foi preciso para chegar no único shopping de Parauapebas, no Bairro Nova Carajás, com saída do Bairro Jardim Canadá, onde está localizada a sede do Grupo Correio de Comunicação no município.

O percurso foi realizado pela equipe do Correio de Carajás nesta quarta-feira, dia 23, para acompanhar in loco a opinião dos passageiros do transporte público municipal sobre o sistema. Em torno de 19 mil pessoas usam essa modalidade de mobilidade diariamente e metade desse público possui o cartão para uso do coletivo.

O primeiro obstáculo para utilização do transporte público enfrentado pela Reportagem foi a falta da linha de ônibus que alcance o prédio do Grupo Correio, na localidade conhecida como Morro dos Ventos, onde estão situadas algumas das principais emissoras de televisão de Parauapebas.

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A parada mais próxima da equipe foi localizada na Avenida Faruk Salmen.  Para descer o morro até a mesma via, a pé, uma pessoa leva em média 20 minutos. Para subir, devido à inclinação das ruas, esse tempo pode chegar a meia hora caminhando.

Já na primeira parada foi constatado que na verdade não existe estrutura física, mas os motoristas e passageiros acostumados ao uso do coletivo compreendem o ponto dentro da rota e utilizam o local para embarque e desembarque.

Trajeto demorado e calor incomodam passageiros

Ao todo, em um percurso de ida e volta, foram necessárias quatro passagens de ônibus, no valor unitário de R$3,30, totalizando R$13,20 uma ida ao shopping. Essa ainda é a maneira mais econômica de fazer o trajeto. Já que de mototáxi a ida e a volta custariam aproximadamente R$ 20 e utilizando aplicativo de corrida pode chegar a R$ 30, conforme simulação realizada na tarde desta quinta-feira (24). 

Já o calor é um problema. Dos quatro ônibus utilizados pela equipe nenhum era equipado com ar-condicionado e três estavam superlotados, entre 12h e 15h, conhecido como horário de pico, quando trabalhadores e principalmente estudantes fazem uso do dos coletivos.

Somados os tempos de ida e volta foram gastas duas horas e doze minutos, contando com o tempo de espera nos terminais para embarque no próximo ônibus. Na rota testada pelo Correio de Carajás os veículos não demoram passar nos pontos, diminuindo a espera nas paradas, mas os percursos são longos, o que tornou a viagem demorada. 

O calor, a superlotação e poucas linhas em bairros mais distantes foram as principais reclamações dos passageiros. A passageira Maria dos Santos conta que ‘é um canseiro’ toda viagem que precisa fazer. “Minha opinião é que cada um tem que pegar o ônibus e tem que botar todo mundo nas cadeiras e não deixar todo mundo em pé. A gente pode cair, se machucar, enche o ônibus demais, fico sufocada, se encheu, não bota mais”, reclama. 

A autônoma Lúcia Santos Batista, moradora do Palmares II, utiliza o ônibus quase todos os dias. “Muito difícil pegar ônibus porque demora muito, aí como a gente fica lá esperando quando entra no ônibus já tá cheio de gente, tem que ficar em pé. O ônibus não tem ar, tem só os vidros abertos e fica naquela quentura, sede, tontura e a gente fica baquiada”, descreve. Surpreendentemente, nenhum dos entrevistados abordados reclamou do valor da passagem.

Bom atendimento dos motoristas  é ponto positivo

Um dos pontos positivos foi a qualidade do atendimento dos motoristas dos quatro ônibus, destacando que a equipe não estava identificada, o que a tornou passageira como qualquer outro. Todos deram explicações detalhadas sobre as linhas e pontos de ônibus.

Um deles, inclusive, sugeriu à repórter fazer o cartão para não ser preciso pagar duas passagens de ida e duas de volta, uma vez que ele dá direito ao uso livre dos veículos dentro de determinado prazo após o embarque no primeiro veículo da rota que será percorrida pelo usuário, ou seja, o uso dele proporcionaria a economia em duas passagens, graças aos pontos de integração.

Outro ponto a favor foi citado por uma estudante que usa o aplicativo “Central Transportando Vidas”, pelo qual é possível acompanhar em tempo real a rota do ônibus desejado. Os estudantes utilizam cartão do estudante, no qual é cobrado a metade do valor da passagem.

Francisco Brito, diretor da Central das Cooperativas de Transporte de Parauapebas, afirma que melhorias estão previstas

Cooperativa prevê comprar mais carros

No município, a Central das Cooperativas de Transporte de Parauapebas (Central) tem a concessão do transporte público, que é feito em micro-ônibus. Procurado pela Reportagem, o presidente da Central, Francisco Brito, afirma ter conhecimento da demanda e, por isso, está sendo planejada a implementação de rotas em horários de maior demanda, aumentando o número de veículos.

“Nós temos um projeto, em relação à superlotação. A questão de pico é nacional, na questão da demora temos um projeto da aquisição de mais 10 carros para facilitar ao usuário que está andando muito tempo do coletivo para chegar no ponto final. Esses carros vão tornar o percurso mais rápido para o passageiro”, diz, acrescentando que a aquisição dos veículos está prevista para o início do ano que vem.

Sobre o calor, o presidente fala que todos os veículos tinham ar-condicionado, mas o alto custo da manutenção dos veículos torna inviável o uso do ar refrigerado. “O carro sai bom da garagem e quando chega no final da rota já está com problema por causa de poeira demais, da lama. Já encaminhamos para a Secretária de Obras para ter uma melhora nas rotas de ônibus. Estamos fazendo o possível e o melhor para os nossos usuários”, justifica. (Theíza Cristhine)