Correio de Carajás

Parauapebas: Inquéritos apuram morte por uma viatura da PM

A tragédia envolvendo uma viatura do Grupo Tático Operacional (GTO), da Polícia Militar, que tirou a vida da preparadora física Aldeane dos Santos Silva, de 29 anos, na tarde da última quinta-feira (9), em Parauapebas, está sendo investigada por um inquérito da Polícia Civil e outros da Polícia Militar. Quem informou foi o tenente-coronel Gledson Melo dos Santos, comandante 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) de Parauapebas. Detalhe: esta é a terceira ocorrência atípica envolvendo viaturas do GTO em menos de um ano na cidade.

O acidente aconteceu quando a viatura transitava na Rua W1 fazendo acompanhamento tático de uma dupla de moto suspeita de praticar assaltos na cidade. Inclusive os suspeitos foram presos naquela mesma noite por outra equipe policial .

Segundo a versão oficial, a vítima, em uma motocicleta, avançou a preferencial a partir da Rua N1, de modo que os militares acabaram colidindo com ela e arrastando a moto e a vítima por alguns metros. Em seguida, a viatura também colidiu contra um automóvel Fiat Uno estacionado e contra um poste, causando queda de energia na região.

Leia mais:

Uma ambulância do Corpo de Bombeiros chegou a ser acionada, mas a preparadora física morreu ainda no local. O corpo foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML). Segundo o inspetor Pires, do Departamento Municipal de Trânsito e Transporte (DMTT), a área foi isolada e foram coletados os dados estatísticos. “Como houve vítima fatal, o procedimento será assumido pela Polícia Civil”, informou. O caso foi registrado na 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil.

Muito conhecida em Parauapebas, Aldeane teve o corpo encaminhado ao IML de Marabá para necropsia e liberado ontem (10) para seu esposo David Gonçalves Lima, que junto com a irmã dele, Rejane Gonçalves Lima, a trasladaram para a cidade de Açailândia (MA), onde moram os pais de Aldeane e grande parte da família dela.

A preparadora física Aldeane Santos morreu no melhor momento de sua vida/ Foto: Divulgação

INVESTIGAÇÃO

O coronel Gledson ratificou que todos os órgãos competentes foram imediatamente acionados e deixou claro que os protocolos de investigação foram ativados. “Tudo tem que ser apurado para deixar toda essa situação esclarecida”, afirmou, acrescentando que as investigações serão bastante rigorosas.

Embora pondere que o caso está sendo apurado, de forma rigorosa, o coronel antecipou que a vítima ultrapassou na preferencial, não parou onde deveria ter parado, o que causou o acidente fatídico. Mas os familiares da vítima discordam.

Aliás, a tragédia abre precedente para uma discussão sobre o fato de que, na prática, não há diferença entre “perseguição policial” e “acompanhamento tático”, que na verdade é um termo usado apenas para substituir a perseguição que não é mais recomendada justamente para evitar tragédias como esta.

A cunhada da vítima, Rejane Lima, disse que embora não estivesse no local, pôde observar que houve “imprudência” por parte da PM. Ela entende que não tinha necessidade de os policiais estarem naquela velocidade.

Rejane vai mais longe e diz que Aldeane foi esmagada, “a moto não serve pra nada”. “Se aquele policial que estava na viatura encontrasse dez pessoas na rua teria atropelado todas as dez”, aposta, acrescentando que futuramente a família analisar que tipo de providências serão tomadas a respeito do caso.

David Gonçalves Lima, viúvo de Aldeane, segue a mesma linha de raciocínio. Na avaliação dele, a partir do estado que ficou a viatura depois do acidente, velocidade era alta, o que também não condiz com o local do sinistro, por se tratar de uma área residencial.

Casado havia 10 anos com a vítima, com quem tem um filhinho de apenas 3 anos de idade, David diz que estava em casa por volta das 17h, quando recebeu a terrível notícia.

Por outro lado, Rejane Lima lamenta demais a morte inesperada da cunhada, que atuava havia dois anos como personal trainer, tinha formação acadêmica na área da Educação Física e era uma profissional reconhecida em Parauapebas. “Estava na melhor fase da vida, estudando e trabalhando… Ela fazia aquilo que mais gostava”, comentou. (Chagas Filho e Luciana Marschall, com informações de Ronaldo Modesto e Josseli Carvalho)