Bernardo Bezerra de Souza, de 63 anos, está recolhido na carceragem da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, em Parauapebas, após cumprimento de mandado de prisão contra ele na manhã desta quinta-feira (10), pela equipe da Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e Adolescente (Deaca).
Conforme a titular da especializada, delegada Ana Carolina Carneiro de Abreu, o homem é acusado de estuprar a neta de criação, de apenas seis anos, no final de agosto deste ano. “Ele estava foragido e hoje tivemos conhecimento que a avó (da vítima) viajou e ele retornou para a chácara onde viviam”, diz.
Ana Carolina conta que a mãe da criança denunciou o caso após um final de semana que a menina passou com os avós. “A vítima voltou muito triste, chorosa e com as partes íntimas machucadas, assadas, pedindo para a mãe aplicar pomada. Depois de três ou quatro dias ela teve coragem de contar para a mãe que estava na cama mexendo no celular e o avô por afinidade passou a mão nela”, informa.
Leia mais:Ainda segundo a autoridade policial, a criança relatou ter achado inicialmente se tratar de uma brincadeira e pediu para o avô parar, mas este teria continuado o abuso e ainda ameaçado a menina. “Disse que se ela contasse para a avó esta não iria acreditar e ela iria ‘levar uma taca’. Os abusadores usam muito essa desculpa, falam que os adultos não irão acreditar nas crianças para que elas não contem”, afirma.
Além da mãe, a criança também contou sobre os abusos para o pai e para a avó. “Instaurei o inquérito e representei pela prisão preventiva dele”, explica a delegada, que colhe o depoimento do acusado na tarde desta quinta.
Bernardo foi preso por volta das 10h30 em uma propriedade localizada a cerca de 15 Km do centro urbano. Ao Correio de Carajás, nega a acusação e afirma acreditar que trata-se de perseguição da enteada – mãe da menina – para separá-lo da companheira, com quem vive há 21 anos. Para ele, a enteada não aceitou que a mãe não vivesse com o pai biológico.
“É uma injustiça. Criei a mãe dessa menina e agora estava criando ela, vivia com a gente. Me acusaram, não sei o motivo”, diz, acrescentando considerar a vítima uma filha. “Eu amo a menina, eu quero uma psicóloga para fazer acompanhamento com ela um bocado de dias para saber o que aconteceu”, defende-se.
Ao negar as acusações, afirmou, ainda, que gostaria de fazer um exame que comprovasse a inocência, mas foi informado que apenas a vítima poderia ser submetida ao procedimento clínico.
Sobre a negativa de autoria, a delegada afirma ser comum este posicionamento entre os acusados de estupro. “Nos meus quase sete anos de delegacia nunca vi e se ouvi foram um ou dois estupradores que confessaram, todos negam e responsabilizam a vítima, falam que é invenção e loucura da criança”, diz, acrescentando que as vítimas normalmente não mentem em relação ao abuso sexual.
“A criança relata aquilo que fizeram com ela ou aquilo que ela visualizou, não acorda do nada e mente que foi abusada sexualmente. A criança não cria da imaginação dela um estupro com tantos detalhes”, defende.
O advogado de Bernardo, Thiago Aguiar, acompanha o depoimento. “Posteriormente a defesa terá acesso aos autos e depois irá adotar as medidas cabíveis, ver qual o pedido que se encaixa para que ele possa responder esse processo em liberdade”, disse. (Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto)