Correio de Carajás

Parauapebas: Gasolina mais cara do Pará revolta o consumidor

Parauapebas: Gasolina mais cara do Pará revolta o consumidor

Manoel Bilac abastecia na manhã desta quarta (9) a motocicleta que utiliza no dia a dia para se locomover e não conseguia esconder a indignação pelo valor pago pelo litro de gasolina em Parauapebas. “Eu acho um roubo desse povo porque conheço o país inteiro e por onde ando a gasolina e o diesel mais caro é pago aqui. É longe, a gasolina vem de Belém, mas não poderia ser esse preço, não. Você vai bem aqui em Eldorado (do Carajás) e já muda o preço, de 15 a 20 centavos, e cinco centavos por litro já faz bastante diferença”, desabafou.

A reclamação do motorista de ônibus não é infundada. Um levantamento divulgado hoje pelo escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstra que no mês de setembro, o parauapebense pagou a gasolina mais cara do Estado do Pará. O preço médio do litro do combustível foi comercializado a R$ 5,099, havendo posto que vendeu o líquido por até R$ 5,180. O menor preço encontrado foi R$ 5,070.

“Foi a gasolina mais cara (em setembro) e está sendo a mais cara, aqui parece que existe cartel porque em Eldorado (do Carajás) já é mais barato. Por que aqui é tão caro assim? Eu queria saber por que aqui é tão caro e continua encarecendo mais e mais e mais”, questiona Ailton Bispo dos Santos, o Carioca, que se desloca frequentemente em Parauapebas e Marabá.

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Ailton, o Carioca, abastece em outro município para economizar

Para economizar, ele costuma abastecer em Eldorado do Carajás, que fica localizada no caminho, ao longo da Rodovia BR-155. Carioca conta que pega a estrada com a “gasolina que dá pra chegar” até o posto, onde abastece para rodar em Parauapebas e se deslocar a Marabá, onde também tem casa. “Aqui não compensa abastecer, tá muito caro, caro demais. Abasteço em Eldorado porque de centavo em centavo eu economizo”, destaca.

Rosimar Araújo de Sousa também criticou o alto valor de um produto que é essencial na vida das pessoas. “Eu acho crítico pra gente porque a gente usa muito veículo. A gente se sente muito humilhada porque a evolução que existe neste lugar (Parauapebas) deveria resultar em melhor qualidade de vida pra gente”, desafaba.

Outros três municípios têm preços acima dos R$ 5

Apesar de Parauapebas estar à frente nos altos preços, não é apenas o condutor local que sofre no bolso, uma vez que o preço em todo o estado continua entre os mais caros do país. O segundo colocado no ranking, por exemplo, é o município de Altamira, com preço médio de R$ 5,036, seguido de Abaetetuba (R$ 5,018). Abaixo dos R$ 5 aparecem Xinguara (R$ 4,967), Redenção (R$ 4,914), Conceição do Araguaia (R$ 4,861), Alenquer (R$ 4,781), Marabá (R$ 4,701), Paragominas (R$ 4,688) e Cametá (R$ 4,632).

O balanço do Dieese-PA foi realizado com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e, apesar dos altos preços, houve no Estado do Pará ligeiro recuo de 0,15% em relação aos preços médios verificados no mês de agosto (R$ 4,523). Houve aumento, entretanto, em comparação com o início do ano. Em janeiro, o preço do litro da gasolina no Estado do Pará foi comercializado em média a R$ 4,445, contra R$ 4,516 em setembro. Mesmo diante do recuo de um mês para o outro, o Pará fechou setembro com a oitava gasolina mais cara do país e a primeira da Região Norte.

Rosimar diz que valores são humilhantes

Frete encarece o combustível, que pode variar bastante de um posto a outro

Linei Fernandes, que é proprietário de um posto de combustíveis em Parauapebas, explica que o município é ponto de linha e tem valor de frete maior que outros municípios. “As pessoas às vezes querem comparar, por exemplo, com Marabá, onde o combustível chega já lá dentro, há uma base em Marabá”, diz, explicando que várias circunstâncias resultam no valor da bomba, inclusive podendo ser notada grande variação dentro do município.

“Todo posto tem uma tabela em que consta quanto é o operacional, o valor de custo do combustível, o frete e qual a margem de lucro”, diz, acrescentando que cada estabelecimento adota um procedimento. Como exemplo, cita que o custo pode ser menor em postos que não fazem investimentos ou não alugam prédios ou lotes.

Fernandes tranquiliza os consumidores apreensivos de que o valor possa aumentar ainda mais, informando que de acordo com o repassado pelas companhias os valores atuais deverão se manter ao longo de outubro. “Ao menos no meu posto não temos aumento previsto para agora”. Conforme ele, depois da precificação de combustível passou a ser internacional o valor sofre altas e baixas todos os dias, mas são poucos centavos e isso não é sensível à bomba.

Ele orienta, por fim, que os consumidores procurem formas de economizar adquirindo combustível com desconto, utilizando os programas de fidelização, por exemplo. “Negocie diretamente com o posto, procurando o gerente, ou use aplicativos. Tenho certeza que dá pra conseguir preço mais bacana de combustível em Parauapebas também”. (Luciana Marschall, Theiza Cristhine e Gabriela Penalber)