Correio de Carajás

Parauapebas é sinônimo de oportunidades

Em meio a crises econômicas, a aniversariante continua sendo referência regional e nacional na criação de empregos

O Brasil vive, há alguns anos, uma retração econômica evidenciada em escala nacional. Em meio a crises financeiras e políticas, o desemprego no país subiu de 7,9% em 2015 para 13,7% em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo que tenha decrescido no último ano (12,2%), ainda é uma taxa alta se comparada com os anos 2000, muito prósperos para os brasileiros.

Ainda assim, Parauapebas, que completa 32 anos nesta segunda-feira (10), permanece como uma das cidades onde mais se gera emprego no país. Os números são favoráveis: em 2020 houve um saldo positivo, entre contratações e demissões, de 8.579 no município, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), fornecidos pelo Ministério da Economia.

É uma estatística que não só põe a Capital do Minério em primeiro lugar na geração de empregos no Pará, mas em quarto lugar para todo o Brasil, ficando atrás apenas de Manaus – AM (10.869 empregos), São Luís – MA (10.334) e Barueri – SP (8.798).

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A cidade é conhecida como uma terra de oportunidades há décadas, desde quando a exploração mineral se tornou a principal atividade econômica da região. Casos como o de Osmir Borges, de 56 anos, que veio de Teresina – PI para Parauapebas em 1987, quando a cidade ainda era um distrito de Marabá. Na época recém-formado como eletrotécnico, Osmir participou de processo seletivo para mineradora atuante na Serra dos Carajás, se tornando estagiário.

Osmir Borges começou como eletrotécnico em mineradora de Parauapebas (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu fazia o curso técnico e todo ano eram feitos testes com os que estavam perto de se formar. Eu passei no teste e vim no início de 87 estagiar. Quando eu ia ser contratado baixou um decreto do governo que proibiu admissões e tive que voltar pra Teresina, mas oito meses depois fui contratado”, lembra Osmir, que permaneceu dez anos trabalhando na mineradora e morando no Núcleo Urbano de Carajás.

Histórias como essa são comuns até os dias de hoje. Ediane von Paumgartten, de 25 anos, também não demorou para logo se estabilizar num emprego formal na cidade. Formada em Odontologia em Belém, ela veio à Parauapebas no mês de setembro do ano passado e rapidamente foi contratada para trabalhar na área. “Está sendo desafiador condicionado ao período de pandemia que estamos vivendo, mas a oportunidade está sendo extremamente evolutiva, leve e proveitosa, tanto para o meu crescimento profissional como pessoal”, diz.

Ediane von Paumgartten, de 25 anos, conseguiu seu primeiro emprego em Parauapebas (Foto: Arquivo Pessoal)

Outro profissional da saúde que também veio à região em busca de emprego é Sérgio Silva, psicólogo que chegou à Parauapebas em março deste ano, vindo de Conceição do Araguaia. O homem de 36 anos morou muito tempo em Marabá e relata que se formou em Araguaína, no Tocantins, e após tentar atuar pela região recebeu um convite de um amigo para trabalhar em uma clínica da cidade.

“Mesmo em Araguaína, que é referência na área da saúde na região, não tem uma procura tão grande quanto há aqui em Parauapebas. Vim porque conhecia uma pessoa e por intermédio dela eu tive uma porta de entrada”, afirma Sérgio, cujo amigo é responsável pela clínica em que trabalha. “Eu vejo Parauapebas sendo um divisor de águas no meu crescimento profissional”, diz, projetando um futuro de sucesso atuando no município.

Sérgio Silva tem intensa agenda de atendimentos atuando como psicólogo em Parauapebas (Foto: Juliano Corrêa)

Futuro este que reservou à Osmir prosperidade não só como funcionário, mas também como patrão. Em 1997 ele decidiu deixar a mineradora que o trouxe à cidade para abrir o próprio negócio. “Eu sempre tive um sonho de ser empreendedor. Na época, tinha um rapaz que era de Belo Horizonte, morava longe da família e queria voltar, então ele me vendeu a empresa dele”, relembra.

Osmir, hoje atuante no ramo da refrigeração, lembra que se juntou com um colega de trabalho e, com os benefícios que receberam da demissão, conseguiram tocar a empresa até os dias atuais.

Seja como empregado ou empregador, Parauapebas cumpre premissas com quem ouve a fama de terra boa para trabalho. “Você vê muitas oportunidades. Não falo só da minha área [saúde], você sempre observa pessoas vindo pra cá atrás de emprego, conseguindo suceder em suas áreas”, relata Sérgio, que diz conhecer muitas pessoas que vieram à Parauapebas, como ele, atrás de sucesso profissional. “Quando vou pra Araguaína as pessoas sabem da fama da cidade, comentam comigo. Tanto aqui quanto fora daqui a gente vê isso, das pessoas virem pra cá para ganhar dinheiro”, ele completa.

A CONSTRUÇÃO DA CIDADE

Com uma oferta de trabalho tão grande, Parauapebas demonstrou um crescimento acelerado – não só em sua população, que em 2004 era de 110 mil habitantes e hoje é estimado que já tenha superado o dobro dessa marca, batendo quase 250 mil habitantes, segundo dados do IBGE – mas também em suas feições. Novos bairros e mais infraestrutura deram hoje a cara do que é a Capital do Minério.

“Quando eu cheguei em Parauapebas [em 1997], ela se resumia aos bairros Cidade Nova, União e Rio Verde. Ia da Rua A até a Rua do Comércio, a famosa ‘Rua do Meio’, os mais antigos vão reconhecer. Então a cidade teve que crescer, porque atraiu mais empresas, que precisavam de mão-de-obra, e quem vinha pra cá sempre falava pros amigos e parentes ‘olha, aqui é fácil arranjar emprego”, conta Osmir, ao ser perguntado sobre o crescimento da cidade.

Osmir Borges já está na região de Parauapebas há 34 anos, atuando como empreendedor após dez anos empregado (Foto: Juliano Corrêa)

Ediane conta que as primeiras impressões dela sobre Parauapebas não foram positivas, mas que mesmo assim a quantidade de oportunidades faz com que a cidade seja “muito movimentada, em todos os âmbitos, com oportunidades profissionais para todas as áreas”, ressalta, ao afirmar que a maioria dos amigos e colegas de trabalho também veio de fora da região em busca de emprego.

Sérgio, por sua vez, foi positivamente impactado pelas mudanças que Parauapebas viveu. “A última vez que tinha vindo aqui foi há 15 anos, então como eu lembrava não havia grandes lojas, grandes empreendimentos, a dinâmica da cidade cresceu, mudou muito e isso me surpreendeu”, ele conta, afirmando que gostou de Parauapebas ao retornar, após as consequências do crescimento econômico da região.

O sentimento de gratidão é comum entre Osmir, Ediane e Sérgio. “Apesar de eu não ter bola de cristal, tenho certeza que minhas oportunidades não teriam sido tantas lá [no Piauí] quanto foram aqui”, diz Osmir. Ediane também acredita que a vida profissional seria diferente caso não tivesse se mudado, descrevendo a oportunidade que recebeu em Parauapebas como “única”. Sérgio corrobora com a ideia: “Estou tendo bastante trabalho, a procura por psicólogo aqui é grande, às vezes fico até depois do expediente atendendo. Vejo muito futuro pra mim aqui”. (Juliano Corrêa)