A União de Moradores de Paraisópolis criou uma operadora de celular com planos personalizados para a comunidade, que fica na Zona Sul de São Paulo. A Paraisópolis Celular foi lançada em novembro de 2019 e já possui 1.478 usuários ativos.
Segundo a empresa Dry Company, parceira na criação do projeto, o objetivo da iniciativa é atender demandas específicas dos moradores que muitas vezes não são oferecidas pelas grandes operadoras.
“A diferença para os clientes é que, sendo uma operadora própria, os planos são criados de acordo com o perfil dos usuários e não de acordo com os interesses comerciais das grandes operadoras do mercado”, afirma ao G1 Ronaldo Mallory, diretor de estratégia e novos negócios da Dry Company.
Leia mais:A Paraisópolis Celular é regulamentada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas não possui infraestrutura própria. Por meio de acordos comerciais, ela compartilha antenas com as grandes operadoras em um modelo classificado como MNVO (Mobile Virtual Network Operator).
Tabata Jacob mora em Paraisópolis há 8 anos e migrou para operadora quando descobriu a novidade. Segundo ela, os planos possuem um bom custo benefício e aderir à operadora também é uma forma de ajudar a comunidade a crescer.
“Eu escolhi por ser da minha comunidade e para mostrar que, independente das marcas grandes, a igualdade está aí para todo mundo. Os benefícios também são muito melhores”, diz a moradora.
Segundo Mallory, outra preocupação é possibilitar que pessoas que têm dificuldade de ter acesso a crédito consigam ter uma linha de telefone.
“A grande maioria da população de Paraisópolis não tem condições de ter um plano controle, não consegue aprovar o crédito. Esse plano é pré-pago, não tem fidelidade, não tem multa. Ele [morador] adere quando quer. Se ele quiser esse mês fazer um plano de R$ 40, e próximo mês ele não tem, pode colocar R$ 10, R$ 20 ou R$ 30”, explica.
O projeto foi lançado em novembro de 2019 durante o G-10 das favelas, evento em que dez comunidades de todo Brasil se reuniram em Paraisópolis para discutir soluções de serviços que fazem falta para a população local.
“Esse mercado das comunidades é abandonado. Se você pegar as 10 maiores comunidades do Brasil a gente está falando de R$ 8,5 bilhões ao ano, isso é maior que o Paraguai, o Uruguai. A Paraisópolis tem um aporte, tem um potencial realmente enorme, mas a gente também prezou um lado social. De poder oferecer oportunidade aos moradores, um serviço de qualidade a um preço justo”, disse Mallory.
Paraisópolis é a 2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil. Ela possui 10 quilômetros quadrados e fica ao lado do Morumbi, bairro nobre na zona oeste de São Paulo. A comunidade tem cerca de 100 mil habitantes e 10 mil comércios locais. (G1)