Correio de Carajás

Parada do tabagismo

Nos EUA, mais de 400 mil indivíduos morrem prematuramente a cada ano em consequência do uso de cigarros, uma em cada cinco mortes em âmbito nacional. Cerca de 40% dos fumantes morrerão prematuramente a menos que consigam deixar o vício.

As principais doenças causadas pelo tabagismo são doença arterial coronariana, doença cerebrovascular, aneurisma de aorta, obstrução crônica das vias respiratórias, canceres: pulmões, laringe, lábio, cavidade oral, faringe, esôfago, bexiga, rins, pâncreas, estomago, fígado, colorretal, colo uterino, leucemia mieloide aguda, síndrome de morte súbita do lactente, síndrome do desconforto respiratório neonatal, baixo peso ao nascer.

Na abordagem do paciente com dependência de nicotina. Deve-se perguntar a todos os pacientes se fumam, quanto fumam, há quanto tempo o fazem, sua possível experiência anterior com o abandono do vício e se estão interessados atualmente em deixar de fumar; mesmo os que não têm interesse devem ser incentivados e motivados a fazê-lo.

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E preciso proporcionar uma mensagem clara, vigorosa e personalizada de que o tabagismo constitui uma importante preocupação para a saúde. Uma data para a cessação do tabagismo deve ser negociada em poucas semanas após a consulta, devendo ser providenciado um contato de acompanhamento pelos funcionários do consultório nas proximidades da data marcada para a cessação. A incorporação da assistência para a cessação em um arcabouço prático torna necessária uma mudança da infraestrutura do sistema de prestação de assistência.

As mudanças simples incluem: Acrescentar perguntas acerca do tabagismo e do interesse em parar de fumar nos questionários de admissão do paciente. Perguntar ao paciente se ele fuma como parte da determinação inicial dos sinais vitais feita pelos funcionários do consultório. Listar o fumo como um problema no prontuário médico. Entrar em contato com o paciente na data marcada para parar de fumar.

Em relação ao tratamento para dependência de nicotina podemos afirmar que as diretrizes para a prática clínica sugerem uma ampla variedade de intervenções farmacológicas e não farmacológicas para ajudar a parar de fumar.

Existem vários produtos de reposição de nicotina, como os adesivos, gomas de mascar e pastilhas de nicotina que não exigem prescrição médica, assim como inaladores nasais e orais de nicotina que exigem prescrição médica. Esses produtos podem ser usados por 3 a 6 meses com uma redução gradual na dosagem à medida que aumenta a abstinência.

As medicações a serem prescritas e que se revelaram efetivas incluem antidepressivos, como bupropiona (300 mg/dia em doses fracionadas por até 6 meses) e vareniclina, um agonista parcial para o receptor nicotinico da acetilcolina (dose inicial de 0,5 mg/dia, aumentando para 1 mg 2x/dia no 8° dia; a duração do tratamento é de até 6 meses). Os antidepressivos são mais efetivos em pacientes com história de sintomas depressivos.

A clonidina ou a nortriptilina podem ser úteis nos pacientes que não respondem às terapias de primeira linha. As recomendações atuais consistem em oferecer tratamento farmacológico, em geral com terapia de reposição da nicotina ou vareniclina, a todos os que aceitam essa conduta, bem como proporcionar aconselhamento e outras medidas de apoio como parte da tentativa de parar de fumar.

Cerca de 85% dos indivíduos que acabam se tornando fumantes de cigarros iniciam esse comportamento durante a adolescência. Por isso, a prevenção deve começar precocemente, de preferência nos anos do ensino fundamental.

Os médicos que tratam adolescentes devem ser sensíveis à prevalência desse problema e realizar um rastreamento para o uso de tabaco, reforçando o fato de que a maioria dos adolescentes e adultos não fuma, e explicando que todas as formas de tabaco são prejudiciais e induzem ao vício.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.