Correio de Carajás

Pará vira sede do Fórum Mundial de Bioeconomia

Indígenas Suruí, da região de Marabá, participam do evento que está sendo realizado pela primeira vez fora da Europa

Até esta quarta-feira (20) a capital paraense é sede do Fórum Mundial de Bioeconomia (WCBEF). A solenidade de abertura foi realizada nesta segunda-feira (18), no Galpão 3 da Estação das Docas. O evento recebe diversos expositores, entre os quais a comunidade Suruí-Aikewara, localizada no município de São Geraldo do Araguaia.

A realização da quarta edição do WCBEF na Amazônia, pela primeira vez fora da Finlândia, é emblemática. Ao mesmo tempo em que revela a importância do país nas discussões globais sobre meio ambiente, o fórum antecede a próxima Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP26, que começa no fim do mês em Glasgow.

Por causa de conquistas do passado e de sua biodiversidade, o Brasil alcançou o protagonismo nos debates, mas tem sido cobrado por outros países a adotar postura mais incisiva em relação ao clima e à sustentabilidade.

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O evento contou com a presença do governador anfitrião, Helder Barbalho, e dos governadores e representantes dos estados que compõem a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), além de especialistas, estudiosos e autoridades do setor.

Na oportunidade, o governador Helder Barbalho instituiu quatro avanços do Estado na área da bioeconomia, com assinaturas do Edital do Procedimento de Manifestação de Interesse, para concessão de Áreas Estaduais para proteção e comercialização de créditos de carbono, e o do decreto da Estratégia de bioeconomia do Estado. Também foi oficializado o primeiro contrato de crédito para produtores da bioeconomia através do Banpará Bio, além da criação da Unidade de Conservação do Refúgio de Vida Silvestre Rios São Benedito e Azul, nos municípios de Jacareacanga e Novo Progresso.

O governador paraense ressaltou que o Fórum é uma oportunidade pública para mudanças de mentalidade no desenvolvimento da Amazônia. “É fato que só existe razão para discutir esse novo modelo se houver envolvimento dos povos locais”, ponderou o governador paraense, para ressaltar que bioeconomia e floresta em pé são os caminhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Helder Barbalho adiantou que o Estado avança para desenvolver um modelo próprio de bioeconomia, que terá como base ciência, tecnologia e informação. “O compromisso do Estado do Pará com o desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono traz consigo uma mudança de paradigmas de produção, com a valorização da economia florestal e promoção da produção sustentável. Nosso modelo de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono, ancorado no Amazônia Agora, busca encetar políticas públicas por meio de incentivos à conservação e à valorização ambiental”, disse ele.

Evento conta com exposição de produtos confeccionados no Pará sem agredir a floresta

“CRESCIMENTO VERDE”

O governador argumentou que a bioeconomia possibilita romper o paradigma que contrapõe o desenvolvimento à conservação ambiental e representa a possibilidade de um novo modelo produtivo.

Vice-presidente da República e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), o general Hamilton Mourão avalia que a promoção do fórum consagra um momento de crescimento verde no Brasil, que ganha visibilidade no cenário mundial, disse ele, durante participação no evento por meio de um vídeo.

TEMÁTICA

No coração da região amazônica, o Fórum Mundial de Bioeconomia discute caminhos e oportunidades verdadeiramente escaláveis, com real potencial de transformação e de sinergia com a natureza. Lideranças e especialistas, do Brasil e do exterior, estarão focados no debate das distintas rotas que se apresentam para o desenvolvimento pleno da bioeconomia.

A liderança do Brasil em bioeconomia é compatível com o protagonismo que os governadores do Fórum da Amazônia também esperam alçar na COP-26, em Glasgow. “Ali, igualmente, teremos momento decisivo para a configuração de um mercado global e regulado de créditos de carbono, a ser definido no Artigo 6 do Acordo de Paris, iniciando etapa vital para evitar reverter a mudança de clima”, pondera Barbalho.

Colares produzidos por indígenas da etnia Suruí-Aikewara e que estão na exposição do Fórum

EXPOSIÇÃO SURUÍ

Além das discussões que estão sendo realizadas no Fórum, paralelamente há uma exposição de produtos da economia da Amazônia. O povo Suruí-Aikewara levou redes, artesanatos e bancos feitos com sementes e outros itens da floresta, sem causar agressão ao meio ambiente. Matânia Suruí levou, em companhia do professor Francivaldo Pereira de Freitas, produtos para exposição e comercialização durante o evento. “Estamos felizes por representar nosso povo nesse Fórum, que é de grande relevância para a comunidade mundial”, disse Matânia.

(Ulisses Pompeu com informações da Agência Pará)