O Pará é campeão de internações por Acidente Vascular Cerebral (AVC), com mais de 60% dos casos registrados na região Norte. De acordo com o Ministério da Saúde, até junho desde ano, o Pará registrou o maior número de internações por complicações do AVC da região Norte, somando quase dois mil casos. Apesar disso, segundo levantamento da Rede Brasil AVC, apenas dois hospitais são centros de referência em AVC na região, um dos quais em Belém – o Hospital de Aeronáutica – e o outro localizado ao leste do Estado, o Hospital Regional Público do Leste do Pará.
Segundo o neurologista Hideraldo Cabeça, presidente da Academia Brasileira de Neurologia – Capítulo Pará, nesses dois hospitais é possível fazer a trombólise, nova forma do tratamento do AVC agudo ou isquêmico, com utilização do medicamento injetável altamente eficaz, chamado trombolítico, que dissolve o coágulo. Porém, o Hospital de Aeronáutica de Belém não é aberto à população e somente o Hospital Regional Público do Leste do Pará, em Paragominas, sudeste do Estado, atende pelo Sistema único de Saúde (SUS). Contudo, há a medicação e também a necessidade de ampliação de centros especializados no Estado, para maior abrangência de atendimento aos usuários do SUS.
“A gente vem discutindo o assunto com o Governo do Estado e com a Secretaria de Saúde do Estado, e é viável estabelecermos mais espaços no Pará. Inicialmente, foi criado no Hospital Ophir Loyola o Centro de Atendimento da Neurologia, onde discutimos inicialmente a grande prevalência que é o AVC, uma das doenças que mais afeta a população no Brasil. Então, quanto mais tivermos profissionais e locais capacitados para atender esses pacientes, a gente reduz as sequelas e obtém eficácia no tratamento, porque temos quatro horas e meia para atender esses casos”, disse o neurologista.
Leia mais:Nos casos de AVC isquêmico, segundo a Rede Brasil AVC, estudos mostram que, se tratado com o medicamento em até quatro horas e meia após o início dos sintomas, o paciente tem 30% mais chance de evoluir de forma favorável. No entanto, esse procedimento precisa ser feito em um centro especializado de AVC e conduzido pelo neurologista. “Na fase aguda da doença, até as primeiras quatro horas depois do AVC, com a utilização dessa medicação, abre a artéria que está com lesão, desfaz o coágulo, evita sequela e reduz recursos com esses pacientes à rede pública”.
Ainda de acordo com a Rede Brasil AVC, 85% dos casos de AVC ocorrem na forma isquêmica (aguda), quando há uma obstrução em um vaso que fornece sangue ao cérebro, bloqueando a passagem de oxigênio para as células locais.
Nessa forma, se não tratado rapidamente, o paciente perde, aproximadamente, 1,9 milhão de neurônios a cada minuto. “Por isso, quanto mais tempo se passa sem atendimento, maiores são as chances de sequelas graves, como dificuldades de movimentação, linguagem, visuais, de memória e até mesmo comportamentais”, destacou a Rede.
Em toda a região Norte, só existem quatro centros capacitados. Além dos dois situados no Pará, Rondônia e Tocantins também contam com uma estrutura de atendimento especializada. Os outros quatro estados (Acre, Amazonas, Roraima e Amapá) não têm nenhum centro ativo qualificado.
Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), “as discussões à criação de mais centros especializados estão acontecendo, mas, por enquanto, ainda não temos algo concreto a informar”. A Secretaria reforçou que as medidas de prevenção são ainda os melhores caminhos para se evitar o AVC.
(O Liberal)