Pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) indica que 2,9 milhões de pessoas consomem os vapes no país. A realização de estudo é de âmbito nacional, para determinar a incidência de fumantes na população brasileira. O Pará está entre 12 unidades da federação com maior incidência de uso de cigarro eletrônico, aparecendo na lista com 0,9%, em 2023. Em 2022, o Pará aparece com 0,8%.
O pneumologista e professor da Universidade Estadual do Pará (UEPA), José Antônio Cordero, explica que assim como cresce o consumo pelo cigarro eletrônico cresce também a frequência de jovens nas clínicas de pneumologistas. O médico disse que ainda não há um levantamento no Pará, mas consegue perceber essa busca diariamente durante os atendimentos.
O médico explica que essa procura se deve aos riscos irrecuperáveis que os vapes causam na saúde respiratória, principalmente, dos jovens, uma vez que já foi comprovado que o cigarro eletrônico é mais prejudicial à saúde que o próprio cigarro comum.
Leia mais:Esse aumento no consumo dos cigarros eletrônicos se deve em decorrências de os jovens acreditarem que ele seria menos prejudicial que o cigarro comum pelo baixo teor de nicotina, porém, José Antônio Cordero explica que os vapes possuem substâncias químicas mais prejudiciais.
“O que o cigarro comum prejudica em 10 a 15 anos, o vape prejudica em dois anos. Por isso, temos hoje em dia uma frequência maior de jovens em busca de tratamentos respiratórios”, pontua o médico.
Outro grave problema é que os usuários passam um longo período fumando cigarros eletrônicos. “O que percebemos é que o consumo é com maior frequência. As pessoas ficam batendo papo e tragando o cigarro durante algumas horas, ou seja, o consumo passa a ser maior”, observa o médico.
Preocupações
Para o médico, uma das principais preocupações são a fibrose pulmonar, pneumonias de repetição, pneumonias específicas e já tem casos de necrose do tecido do pulmão. “Muitas das vezes esses cigarros contêm substâncias nocivas ao pulmão que podem causar infecção pulmonar”, pontua o médico.
José Antônio Cordero acrescenta ainda que o grave problema para os profissionais de saúde pública é que em muitos casos não há um tratamento bem definido. Diante disso, o paciente perde capacidade laborativa e condições de exercer uma vida normal.
O estudo
Segundo o levantamento do Ipec, a quantidade de pessoas que conhecem o cigarro eletrônico no Brasil passou de 52% em 2019 para 87% em 2023. O percentual é menor que em 2022, quando 89% dos entrevistados afirmaram saber do que se tratavam os dispositivos.
O Ipec fez 51.575 entrevistas com pessoas com idades de 18 anos e 7 meses a 64 anos em todas as regiões brasileiras. O levantamento foi realizado por meio de entrevistas presenciais em áreas urbanas de municípios com população acima de 20.000 habitantes de julho a outubro de 2023.
(O Liberal)