Marabá e Parauapebas recebem, nesta terça-feira (18), com reprise na quinta-feira (20), o palestrante Rogério Vitalli, que possui formação em Engenharia Mecatrônica e mestrado em Robótica. A ideia é se reunir com os públicos das duas cidades para discutir a chamada indústria 4.0, que engloba tecnologias para automação e troca de dados, com base na Internet das Coisas.
De acordo com ele, o objetivo é apresentar um tema atual e de alta relevância. “A princípio, as palestras servem para esclarecer alguns temas, demonstrando aplicações no dia-a-dia, entender como a região vem crescendo neste sentido, quais as empresas âncoras e de base e, ao mesmo tempo, poder qualificar essa mão de obra, que no Brasil ainda é um problema”, afirma.
De acordo com ele, em muito breve a robótica e a indústria 4.0 serão realidade em todos os setores. “As palestras têm esse objetivo de envolver também a comunidade científica local e os empresários, além de quem já é formado e atua na área”.
Leia mais:Rogério explica que a Mecatrônica no Brasil tem aproximadamente 30 anos e a robótica está inserida neste contexto, além de ser ênfase de outras engenharias, sendo que a profissão de robotista é a mais nova atividade da Indústria 4.0. “Como tem tantas outras que irão surgir de utilidade, profissões disruptivas [que irão quebrar velhos modelos] e precisaremos ter múltiplas competências. Estamos discutindo como formar esses profissionais”.
Para ele, enquanto muitos acreditam que a Indústria 4.0 “está chegando”, ela na verdade já chegou e há uma tendência de acabar mudando a vida das pessoas, a forma de fazer negócios e outras relações. Deve, inclusive, interferir diretamente nos postos de trabalho.
“É uma preocupação de todo mundo, mas na verdade não temos que temer, não vou dizer que não vai haver desemprego, mas a resposta categórica é que a robótica e a indústria 4.0 vão recriar empregos. O problema é que nossos postos estão obsoletos, alguns com mais de 2 séculos. Este posto vai ter alto valor agregado e pra isso as pessoas vão ter que se qualificar, não existe ainda tecnologia sem pessoas; uma fábrica sem pessoas é ilusão”, esclarece.
BRASIL
Questionado sobre como o país está lidando com estas mudanças tecnológicas, ele diz que em uma escala de 0 a 10 o Brasil estaria no nível 2, considerado muito baixo. “Estamos extremamente atrasados, não temos marco regulatório, não temos plano de ação do governo, pelo contrário, o governo está sendo forçado a fazer alguma coisa porque o mundo todo está fazendo”, destaca.
Vitalli acrescenta que o Brasil ainda é um país puramente de base mecânica e não tem como avançar para a Indústria 4.0 sem antes passar pela 3.0. “Ter uma maturidade, com projetos implementados por brasileiros, mudança de cultura das companhias e órgãos federais para a gente poder ir pra 4.0. Se não, vai chegar e vai ser implantada por americanos, alemães, japoneses e vamos perder mais uma vez uma oportunidade”.
Para trabalhar nesta área, garante, não é necessário ser engenheiro, mas tem que haver grande interesse no assunto. “Tem que ser amante de tecnologia, uma formação em exatas é interessante, mas gostar de tecnologia, mexer com a internet das coisas, um dos pilares da 4.0, é fundamental para as pessoas irem bem nesta área”, frisa.
APLICAÇÃO
O engenheiro salienta que as novas tecnologias poderão ser aplicadas em diversas áreas, como na produção rural, por exemplo, forte economia desta região. “Há máquinas de grande valor agregado, a preços altíssimos, e a internet das coisas está causando uma verdadeira revolução na agropecuária, por exemplo. Uma máquina dessas trabalha 24 horas, não pode parar, já temos tecnologia assistida para este trabalho ser autônomo ou remoto. Fora controle de produção, estatísticas, outras coisas”. (Luciana Marschall – Com informações de Adilson Poltroniere)