Correio de Carajás

Pai rebate HMI e aponta erros em prontuário médico

Na manhã desta quarta-feira (13), o profissional liberal Claudenor Peixoto compareceu à sede do Grupo Correio de Comunicação para contraditar posicionamento adotado pela direção clínica do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá em face da morte fetal do seu filho, que se chamaria Lorenzo, na virada de ano. Conforme o pai, há diversos erros no prontuário médico da esposa, Sarah Maria, que foi atendida na maternidade durante a madrugada de 31 de dezembro último com enjoo, dores estomacais e hipoglicemia.

Claudenor acionou médico perito para analisar o prontuário médico da mulher e este apontou erros considerados graves no documento por parte daquele estabelecimento hospitalar. Entre os erros, estão a dificuldade de interpretar informações médicas pontuais contidas no prontuário, lauda de classificação de risco em obstetrícia em branco, negligência médica em compensar o quadro glicêmico da paciente, inconsistência na classificação de alta médica e alteração no exame de cardiotocografia fetal.

“Primeiro que o prontuário está ilegível. Segundo que a ficha de acolhimento e classificação de risco não foi preenchida pela maternidade. Terceiro que a minha esposa estava com a glicemia baixa e nada foi feito para compensá-la. Também não há registro do horário de realização do destro no prontuário. Um erro grave é que a glicose da Sarah não foi medida logo que chegamos ao hospital. Era a primeira coisa que deveria ter sido feita, posto que permanecer com a glicose baixa ou alta pode levar à morte do feto”, penhora Claudenor.

Leia mais:

Ainda de acordo com o denunciante, ao contrário do que está descrito em um dos campos do prontuário médico de Sarah, exibido por ele à Reportagem, alta a pedido não existe. Isto é, o médico é o responsável pela alta e, se a paciente foi embora por conta própria, era necessário ter registrado a evasão no documento. Consta no prontuário que a parturiente pediu para sair da maternidade, mas inexiste qualquer termo que comprove tal alegação.

“Sarah ainda solicitou a presença do médico, mas ouviu negativa da parte de uma enfermeira. Ela foi informada de que não havia médico na unidade de saúde e que teria de aguardar até as 9h, quando o médico plantonista assumiria. Quero lembrar que um médico só pode abandonar o plantão com a chegada de outro para assumi-lo. Além disso, o hospital deixou a paciente sem nenhuma assistência enquanto aplicava soro e medicação para melhorar o enjoo e as dores estomacais dela”, enfatiza.

Por fim, Claudenor alega que recebeu resultado favorável do exame de bem-estar fetal e que não existe justificativa para a falta de atendimento de uma paciente nas condições de sua esposa. “Nós recebemos o resultado do exame de cardiotocografia e, na avaliação do médico que nos atendeu às 5h40, o bebê estava bem. Outra coisa é que o HMI não pode declarar que os médicos estavam sobrecarregados para justificar o agravamento do estado de saúde de um paciente, sendo que existe uma escala de sobreaviso com vários médicos que recebem para ficar em casa à disposição em caso de demanda no atendimento”, argumenta ele.

A Subseção de Marabá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) prometeu expedir portaria para acompanhar o caso. Os pais do bebê Lorenzo, sob orientação advocatícia, também acionaram o Ministério Público Estadual, que deve cobrar esclarecimentos da maternidade nos próximos dias. (Da Redação)