Correio de Carajás

Pai denuncia estupro coletivo da filha em aldeia de Parauapebas

A delegada Ana Carolina Carneiro, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Parauapebas, está em Ourilândia do Norte nesta sexta-feira (3) realizando as investigações preliminares sobre a denúncia de que uma adolescente de 13 anos teria sofrido estupro coletivo em uma das aldeias Xikrin localizadas no município,  no sudeste do Pará. Um inquérito policial já foi instaurado sobre o caso.

O pai da adolescente, Antônio Gonçalves, de 41 anos, procurou o Ministério Público do Pará e a Polícia Civil de Ourilândia do Norte, no sul do Pará, para denunciar o caso, sem saber determinar em qual das aldeias teria ocorrido o crime.

Conforme ele, que não é indígena, a mãe da adolescente de 13 anos é da etnia Kaiapó, de São Félix do Xingu, com quem ele foi casado. Desta forma, a menina cresceu cercada pelos costumes indígenas e ao se mudar para Ourilândia, com ele, decidiu estudar em uma aldeia para manter as tradições, passando a viver junto aos Xikrin, que estavam localizados mais próximos.

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No final de novembro, afirma, ele estava em casa, em Ourilândia do Norte, com o portão aberto, quando um indígena a trouxe e deixou no local “Só soltou ela no portão e foi embora pra Tucumã. Ela chegou na área onde eu estava e já foi falando ‘pai, eu fui estuprada’. Já peguei ela e procurei a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) que me levou até o hospital com ela”.

Pai diz que a filha foi deixada na casa dele sem qualquer explicação (Imagem: Reprodução/JSN/SBT)

A adolescente afirmou ao pai que estava dormindo, por volta de meia-noite, quando vários indígenas invadiram o local onde ela dormia e a levaram para o rio, onde a estupraram. Ainda segundo a vítima, um professor da aldeia a acudiu. “Disse que não mataram ela por causa do professor, que chegou e tomou ela da mão deles. É complicado isso pra gente”, lamenta.

Para ele, a filha sofreu o abuso por não ser totalmente indígena. “A mãe dela hoje está morando na aldeia (São Félix do Xingu), tem os tios dela que são índios também, fizeram essa coisa com a menina… o documento da menina é de branco, mas a menina é índia, tem que ter o mesmo respeito que tem com os outros índios”, defende.

Antônio diz que a adolescente está internada no Hospital Municipal Jadson Pesconi, em Ourilândia do Norte, desde o dia 30 de novembro de 2021. Conforme o programa JSN, do SBT, o delegado José Carlos Rodrigues, superintendente da Polícia Civil do Alto Xingu, encaminhou o caso para a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), de Parauapebas, que deverá continuar as investigações. O Correio de Carajás tentou contato com a titular da especializada, mas não obteve resposta até o momento.

A Reportagem procurou também a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Sesai e aguarda retorno. Também tenta contato com representantes das aldeias Xikrin. (Luciana Marschall – com informações de JSN-SBT)