Correio de Carajás

Paciente morre no HMI; família cobra providências

Charleane Rodrigues dos Santos, de 34 anos, morreu no Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá na noite desta segunda-feira (26). Os familiares de Charleane receberam o corpo no Instituto Médico Legal (IML) no final da manhã desta terça (27) e denunciam que ela foi vítima de maus tratos na casa de saúde.

Também revolta a família o fato de que Charleane nunca confiou nos hospitais e também nos médicos de Marabá. Tanto é verdade que, ao tomar conhecimento de que sua gravidez era de risco, ela se mudou para a cidade de Balsas (MA), para fazer seu pré-natal no hospital regional instalado na cidade.

Mas quis o destino que Charleane voltasse a Marabá para participar dos rituais funerários de seu irmão mais velho que morreu na zona rural. Poucos dias depois de chegar a Marabá, ela teve complicações e por isso teve de procurar o HMI. Charleane estava na 18ª semana de gestão. Morreram ela e o bebê.

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Raimunda Nonata Batista, irmã mais velha da vítima, diz que sua irmã apareceu com um hematoma no olho e um ferimento no braço, sinais que ela não tinha quando deu entrada na casa de saúde. Ainda de acordo com a Raimunda, Charleane deu entrada no domingo e somente na noite de segunda recebeu atendimento digno que uma médica que percebeu a gravidade do caso da irmã dela, mas já era tarde demais.

Raimunda Nonata diz que a família vai atrás de seus direitos/Foto: Ricardo Magno

Raimunda Nonata denuncia que além de perder sua irmã ainda se viu obrigada a prestar esclarecimentos à Guarda Municipal e à Polícia Militar, que foram acionadas ao local pela direção do HMI, como se a família da vítima tivesse feito algo de errado. Ela deixou claro que a família tomará as devidas providências para que os culpados paguem pelo que cometeram.

Janis Soares, que também é irmã de Charleane, pede que o atendimento seja mais humanizado no Materno Infantil. “Quantas pessoas será que têm que morrer pra alguém tomar uma providência. Falta humanidade, que eles não têm… coração”, desabafa.

Janis Santos: “Quantas pessoas ainda vão ter que morrer?”/Foto: Evangelista Rocha

HMI responde

Em nota, o HMI informou que tomou todas as medidas cabíveis para garantir a integridade física e cuidados com a saúde da paciente Charleane Rodrigues dos Santos. “A paciente deu entrada no hospital às 10h40 do domingo (25). Foi realizado o ultrassom e o bebê não apresentou batimentos, sendo confirmado o óbito fetal. A paciente então passou a noite no hospital, para que fosse realizado o processo de indução para expelir o feto – protocolo adotado para estes casos, afim de evitar cirurgia invasiva para retirada do feto”, diz trecho da nota.

Ainda segundo o documento, durante o período noturno a paciente se mostrou bastante agitada, “transitando de uma cama para outra do quarto, quando acabou se lesionando”. Na segunda-feira (26), à noite, a paciente teve complicações no quadro clínico e foi entubada, não resistindo e vindo a óbito na madrugada de segunda para terça-feira (27).

Direção do HMI diz que fez tudo que estava ao seu alcance/Foto: Ricardo Magno

Todos os procedimentos foram tomados juntos ao IML que fez a necropsia e definirá a causa da morte. O HMI reforça que o cuidado com os pacientes do hospital é diário e em momento nenhum houve má conduta por parte dos profissionais, ou qualquer tipo agressão. (Chagas Filho)