Correio de Carajás

Outro final de semana escancara abandono da Praia do Tucunaré

Não há fiscalização de rabetas e barcos e é raro ver banhistas usando coletes salva-vidas

Apesar de ser uma realidade para os banhistas em pelo menos quatro meses do ano, de junho a setembro, a Praia do Tucunaré, segue com maior frequência de veranistas a cada final de semana, enquanto as autoridades públicas centram atenções apenas no mês de julho, durante as férias escolares. Nos demais meses a ausência de ordenamento consegue transparecer um descaso ainda maior, na área de segurança, saúde, limpeza, esporte e cultura.

Depois da matéria feita na semana passada por este portal, três policiais militares foram destacados na praia pelo comando do CPRII, assim como uma embarcação da Polícia Militar. Aos domingos, o número desses policiais aumenta para seis viaturas que circulam de forma ostensiva pela Marabá Pioneira. A reportagem deste CORREIO presenciou, também, a travessia de várias crianças por meio de rabetas e barcos, sem o uso do colete, algo já frisado anteriormente em uma matéria sobre afogamentos.

No último domingo (18), a guarnição foi vista nas areias da Tucunaré

A praia, que proporciona aos veranistas a prática de esportes náuticos e de areia, acampamento, pesca esportiva, além de lazer e comercialização de pratos típicos, como a carne de sol e o famoso tucunaré frito, tem sido bastante criticada, principalmente por quem depende dela para ganhar dinheiro.

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Ainda bem que por si só as belezas naturais dos rios Tocantins e Itacaiúnas conseguem atrair centenas de turistas.

AUSÊNCIA

Aparentemente, roupa de banho e cadeira de praia não devem ser a única preocupação para os banhistas que se programam para passar a tarde na praia, tomando um sol e nadando nas águas mornas do Rio Tocantins. Também é sentida a falta de guarda-vidas do corpo de bombeiros, frente a quatro princípios de afogamento, apenas neste ano de 2023.

EM QUAL LIXEIRA?

Outra questão pertinente, é a falta de lixeiras, para as pessoas despejarem os resíduos do que consomem. Quem já esteve por lá neste ano, pôde ver garrafas plásticas entre outros detritos espalhados pela areia, o que acaba sendo um perigo potencial para os banhistas que andam descalço pela praia.

Pela falta do cordão de isolamento, é possível visualizar motos aquáticas e outras embarcações adentrando o campo dos banhistas, um verdadeiro perigo iminente, é o que afirma o marabaense Gilson Marques Félix.

O BÁSICO

Já a ausência de banheiro, levantada pela banhista Beatriz Pontes, leva as pessoas a fazerem suas necessidades fisiológicas nas águas, poluindo o rio Tocantins, afetando o comportamento dos animais aquáticos e prejudicando a população na totalidade: “Verdadeira vergonha”, afirma. É preciso ressaltar que, da mesma forma que a embriaguez ao volante e a ausência de habilitação é crime se tratando das vias públicas, os condutores de embarcações aquáticas podem ser apresentados à Polícia Civil pelos mesmos motivos enquanto pilotam transportes fluviais.

A falta de uma base da Marinha dos Portos, em Marabá, dá à população a falsa impressão de que a água é uma terra sem lei, onde embarcações podem ser pilotadas sem a devida documentação, proteção e sob o uso de álcool.

Nem mesmo boias e coletes salva-vidas são procurados. A vendedora Maria do Socorro Oliveira, diz que embora o preço varie entre R$15 a R$20, a população demonstra não se importar com a própria segurança e a de crianças: “Preferem beber a cuidar dos menores, desviando a atenção e dando brecha para tragédias”.

SOBREVIVENDO

Se não fossem os comerciantes, a praia estaria uma verdadeira tapera. E são eles, que mesmo sem nenhum tipo de treinamento, orientação ou apoio da prefeitura, que recebem os turistas de todo Brasil durante todo o verão. São eles que estão se “virando nos trinta” para oferecer aos que chegam na Praia do Tucunaré um serviço de qualidade, diversão para as crianças e em anos anteriores, até mesmo atrações musicais.

Embora tenha se tornado, oficialmente, patrimônio histórico e cultural de Marabá em 2022, a prefeitura optou por desvalorizá-la e retirar a arena esportiva do maior ponto turístico da cidade, no mesmo ano. (Thays Araujo com informações de Josseli Carvalho)