A colonoscopia é o principal exame recomendado pelos médicos para rastrear e prevenir o câncer colorretal, tumores que afetam o cólon (parte central do intestino grosso) e o reto (parte final do intestino grosso). O exame é solicitado a partir dos 40 anos de idade para homens e mulheres que não tenham histórico de câncer colorretal na família, como forma de rastreamento da doença.
O câncer colorretal também tem um caráter hereditário. E as duas doenças que manifestam a herança genética no câncer colorretal são a polipose adenomatosa familiar e o câncer hereditário do cólon não relacionado a polipose.
Em geral o prognóstico do câncer gastrointestinal é, ainda hoje, ruim. Mas pode ser melhorado por meio da detecção e do tratamento em suas fases iniciais. O problema é que nessas fases iniciais a grande maioria dos canceres não tem sintomas.
Leia mais:O que obrigatoriamente necessitaria ser prevenido com o diagnóstico em fase precoce ou remoção de lesões pré-cancerosas com rastreamento de pessoas pouco sintomáticas ou sem sintomas para seus diagnósticos. Os seguimentos com maior frequência de câncer colorretal são representados pelo reto, sigmoide e descendente, totalizando 50% dos tumores colorretais.
A queixa mais frequente é a alteração do hábito intestinal. Nos tumores do cólon direito, os sintomas são diarreia, dor vaga no abdômen, anemia e tumor palpável no quadrante inferior direito do abdômen. Nos tumores de cólon esquerdo, obstipação intestinal, cólicas, distensão abdominal e fezes com sangue são os principais sintomas. Nos tumores do reto, as queixas principais são puxo e tenesmo, afilamento de fezes e evacuações com fezes com muco e sangue.
De acordo com as principais sociedades científicas de Gastroenterologia e Coloprotologia, toda pessoa assintomática deve se submeter a alguma forma de rastreamento do câncer de intestino aos 50 anos de idade. Apesar de existirem outras modalidades de exame (sangue oculto nas fezes, retossigmoidoscopia), a colonoscopia é amplamente reconhecida como o método mais eficaz de rastreamento.
Devemos ressaltar, no entanto, que para indivíduos que tenham na família casos de câncer de intestino grosso a colonoscopia pode ser necessária antes dos 50 anos de idade. Nestes casos, o momento ideal para se realizar o exame deve ser orientado pelo médico, considerando fatores como a idade e o número de parentes que tiveram câncer de intestino.
As classificações endoscópicas das lesões cancerígenas do trato digestório, estabelecida pelos japoneses, têm sido cada vez mais difundidas e utilizadas pelos endoscopistas de todo o mundo. Os canceres colorretais, do ponto de vista macroscópico, podem se apresentar inicialmente aos olhos do endoscopista sob várias formas, como manchas avermelhadas, pequenas elevações, pregas irregulares e áreas deprimidas.
Essas lesões são de difícil detecção e requerem, além de primoroso treinamento do endoscopista, cólons bem preparados, uso de videoendoscópios de alta resolução e utilização da cromoendoscopia.
A partir do momento em que se encontram anormalidades ou lesões suspeitas, deverá se proceder a uma inspeção cuidadosa, lavando-se a lesão, removendo muco e resíduos, empregando corantes e, se houver disponibilidade, usando o recurso da magnificação.
A colonoscopia é hoje um exame seguro e extremamente eficaz na prevenção e detecção das doenças do intestino grosso. É importante lembrar que em 7 a 10% dos casos podem ocorrer tumores sincrônicos, por isso a visualização do cólon por colonoscopia faz parte do estádio pré-operatório, mesmo nos tumores diagnosticados por retossigmoidoscopia, isto é, mesmo quando detectado no 1/3 distal dos cólons.
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.