Correio de Carajás

O clamor de moradores do Morumbi por socorro

Mato alto, lama, ruas esburacadas e um contratempo que pode ser fatal: levar uma picada de animal peçonhento. Este é o cenário que se vê no conhecido Residencial Morumbi, situado na entrada de Marabá, às proximidades do Km 6. O loteamento, comercializado inicialmente pela empresa do ex-jogador de futebol Paulo Nunes, deu origem a um bairro no início da década passada e, na atualidade, vive em situação de completo abandono. Irreconhecível diante da promessa de “paraíso” veiculada na época.

Quem relata isso são os próprios moradores, e o Jornal CORREIO esteve no local para constatar a veracidade dos depoimentos. De acordo com Ana Kátia Cortes Santis, que reside no residencial, há alguns dias um motorista de aplicativo quase não conseguiu sair de um atoleiro em uma das ruas (se é que podemos chamar assim) por lá.

“Nós penamos muito para conseguir uma limpeza das nossas ruas, porque a situação está crítica”, conta. “As ruas estão intrafegáveis, tanto é que esses dias um Uber ficou atolado e por pouco não deixou o motor do carro para trás”, expõe Kátia, em tom descontraído.

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Acredite: aqui já existiu uma rua, agora completamente tomada pelo mato (Foto: Evangelista Rocha)

O presidente da Associação de Moradores do Morumbi, Thiago Mayer Bertoli, narra que já chegou até a ser picado por uma cobra enquanto fazia caminhada nas ruas do bairro. “O nosso residencial está abandonado, como podem ver. O mato está muito alto, e as ruas, esburacadas. Essa falta de cuidados proporciona o aparecimento de animais peçonhentos. Há muita cobra aqui e eu mesmo já fui picado por uma e precisei parar no hospital por causa disso”, relembra.

Ainda de acordo com Thiago, há uma briga judicial entre a empresa KRW Empreendimentos Imobiliários, com sede em Goiânia, e a Prefeitura de Marabá. Acontece que o poder público não quer assumir a responsabilidade pelo bairro porque a empresa tenta empurrar o negócio, entregue inacabado, para o colo da administração municipal.

“No meio desse pingue-pongue, nós ficamos no limbo, sem assistência de nenhum dos lados. O único serviço que recebemos aqui, mesmo pagando impostos, é a coleta seletiva de lixo”, reconhece.

A máxima “o buraco é mais embaixo” nunca foi tão verdadeira. Para Edilza da Gama, que mora em uma das últimas ruas do conjunto, o bairro também pode ser palco da gravação do filme “Crocodilo”, com o aparecimento de jacarés às proximidades da residência dela e em outros pontos do residencial.

“O que nós queremos é que o poder público olhe por nós. Minha rua, por exemplo, está intrafegável. Cheia de mato, lama, cobra, tudo que você quiser, até jacaré. Sim, até eles estão dando as caras por aqui”, comenta, temendo ser atacada.

“Nós pagamos impostos e exigimos que alguma providência seja tomada. Pais de família moram aqui no Morumbi, cidadãos decentes, pessoas que querem possibilitar aos seus filhos e até netos — eu tenho neto — um ambiente saudável para se viver”, protesta ela.

Logo na entrada do residencial, é possível encontrar um parquinho enferrujado e tomado pelo verde (Foto: Evangelista Rocha)

O OUTRO LADO

A Reportagem entrou em contato, por telefone, com o secretário Alessandro Viana, que informou ter ciência da situação do residencial.

“A prefeitura mapeou a cidade inteira e sabe onde cada problema está localizado. O Morumbi está no cronograma da prefeitura. Em breve, não posso garantir uma data exata, mas nas próximas semanas a equipe da Secretaria de Obras estará no local para fazer a roçagem do mato que invade as vias”, informa.

Questionado pelo CORREIO, Alessandro afirma que o conjunto também receberá o serviço de recuperação das ruas, que estão cheias de buracos, mas que isso não é possível agora devido ao período chuvoso. “Mas certamente a prefeitura não deixará essa comunidade desamparada”, finaliza. (Vinícius Soares)