Correio de Carajás

O Brasil não tem um “9”

A primeira Copa do Mundo que eu acompanhei pra valer foi em 1986. O Brasil tinha um centroavante espetacular: Careca. Goleador, forte, habilidoso, decisivo e vencedor. Mesmo assim, perdemos a Copa.

Em 1990, Careca estava lá novamente, e em uma fase ainda melhor na carreira. Perdemos a Copa de novo.

Quatro anos depois, nosso centroavante dispensa comentários. Romário foi o grande protagonista de um belo time, que se tornou campeão do mundo.

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Em 1998, perdemos a Copa, mas nosso centroavante era ninguém menos que Ronaldo Fenômeno, que viria a fazer uma Copa fantástica em 2002, com título e dois gols na final.

Em 2006 foi um fiasco. Fenômeno, fora de forma e em fim de carreira, não rendeu o que se esperava. Mas seu nome já estava na história.

Em 2010, Luís Fabiano foi muito bem, apesar da desclassificação de virada para a Holanda. Mas “Fabuloso” era um “9” na acepção da palavra.

Em 2014, nossa Copa foi uma tragédia. E tínhamos Fred como centroavante. Ele foi péssimo, fez um golzinho em um jogo morto contra Camarões. Pensei assim: meu Deus, como o Brasil se atreve a jogar uma Copa do Mundo com um centroavante desse!

Pois é, mas nada é tão ruim que não possa piorar.

Em 2018, tínhamos Gabriel Jesus com a lendária camisa 9 do Brasil. Até hoje eu não consigo entender qual a lógica de escalar um centroavante porque ele ajuda a marcar. Mas se foi para isso que ele foi convocado, cumpriu seu dever. Marcou direitinho os adversários, mas não marcou o principal: gols. Aliás, não me recordo de ele ter dado um chute sequer no gol. Foi uma participação inócua.

Em 2022, tínhamos Richarlison, que fez 3 gols e, pra mim, teve um desempenho até razoável. Mas, entre os convocados, lá estava Gabriel Jesus novamente. Ele até entrou, mas dizem que se machucou e novamente não fez nada que justificasse ter calçado as chuteiras.

Agora o Brasil inicia um novo ciclo, com Diniz, um técnico excelente, que abre o trabalho até que o italiano Ancelotti assuma de vez.

Esperei com certa ansiedade a primeira convocação de Diniz para a estreia nas eliminatórias; e agora, depois da lista fechada, devido a lesões e cortes por questões extracampo, confesso que concordo com alguns nomes da lista, discordo de outros, mas o Gabriel Jesus eu não me conformo!

Ele já foi devidamente testado e reprovado em duas Copas do Mundo. A única coisa que ele fez pelo Brasil em Copas foi pintar a rua da casa onde morava quando era adolescente e só!

(Chagas Filho)

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.