Correio de Carajás

NUTRIÇÃO EM CIRURGIA

Segundo Studley, em 1936, que descreveu a perda de peso como risco para complicações em pacientes cirúrgicos, mostrou que os pacientes que perderam mais de 20% do peso habitual apresentaram risco de óbito em comparação com um risco para aqueles que perderam menos de 20%.

Em um estudo realizado pelo Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI) cerca de metade dos pacientes internados (48,1%) encontram-se com certo grau de desnutrição e que o tempo de internação prolongado contribui negativamente no desfecho do paciente.

Nos últimos anos, é perceptível a importância da triagem e avaliação pré-operatória. Nesse sentido o peso corporal, aliado ao Indice de Massa Corporal, a queda da condição geral do paciente e a ingestão inadequada semanas antes do procedimento cirúrgico influenciam nas taxas de complicações no pós-operatório.

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Tais como: dificuldade no reparo tecidual, retardo na cicatrização de feridas, aumento de infecções, maior permanência hospitalar e consequentemente maior risco de mortalidade.

É importante destacar que em alguns centros hospitalares, os protocolos nutricionais e cirúrgicos são negligenciados, e o olhar mais sensível diante das fragilidades já presentes no paciente são mascarados. Assim, o preparo da equipe de assistência deve possuir uma visão crítica de qualidade diante das condições nutricionais e prospectivas do paciente.

Portando, a nutrição em cirurgia torna-se pertinente quando analisamos e demonstramos fatos e dados que evidenciam níveis críticos de desnutrição, influenciando fortemente os resultados cirúrgicos, mesmo para pacientes abordados eletivamente.

Na admissão de pacientes pré-operatórios, deve-se estabelecer como rotina a triagem e a avaliação nutricional, preferencialmente a ser realizada nas primeiras 24 horas após a internação. Dentro desse contexto, não só nutricionistas, mas também médicos e enfermeiros devem trabalhar em conjunto no sentido de identificar a condição nutricional do paciente.

Em relação a Triagem de Risco Nutricional (TRN), no âmbito hospitalar, faz-se necessário identificar e captar indivíduos em risco de desnutrição ou desnutridos a partir de uma triagem nutricional eficaz. Permitindo que o profissional capacitado venha a intervir de forma precoce na questão nutricional do paciente e saiba estabelecer melhor a alocação de recursos.

Dentre os diferentes métodos apresentados na literatura para este método de triagem, a recomendada pelas diretrizes da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (Espen) em 2002 para pacientes hospitalizados é a Nutritional Risk Screening – 2002 (NRS-2002), reconhecida e utilizada pelo Projeto Acerto.

A NRS-2002 é composta por questões que compõem a Triagem inicial, seguida de uma Triagem Final, em que o examinador deverá avaliar a condição nutricional e a gravidade da doença.

A Avaliação do Estado Nutricional (AEN) deverá ser realizado nas primeiras 24 horas após a admissão e após a triagem nutricional. Dentre as finalidades desse tipo de avaliação é importante a identificação de pacientes com alto risco de desenvolverem complicações ligadas ao estado nutricional e avaliar a eficiência da intervenção dietoterápica.

Tendo em vista aspectos objetivos e subjetivos, a avaliação nutricional destaca-se, pois leva em consideração diversas medidas e parâmetros que podem definir o estado nutricional atual do paciente.

Dentro desse contexto, a Avaliação Subjetiva Global (ASG) destaca-se como principal ferramenta na avaliação de pacientes cirúrgicos, que leva em consideração a história e condição clínica do paciente e das alterações avaliadas a partir do exame físico detalhado.

Ainda que possam ocorrer diversas situações clínicas e patologias crônicas como nefropatas e hepatopatas, portadores de neoplasias diversas, imunodeprimidos e idosos, a ASG tem sua eficácia garantida a partir de modificações que possam atender essas particularidades. Esse tema prossegue na edição na próxima edição de terça-feira.

 

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.