Correio de Carajás

Número de famílias desabrigadas em Marabá deve passar de 130 neste sábado

Se a previsão da Defesa Civil Municipal de confirmar, neste sábado, 14, o número de famílias desabrigadas pode chegar a 134, levando em consideração as 60 que foram retiradas de suas casas ontem, sexta-feira, e mais as 74 que fizeram o cadastro para ter apoio para mudança hoje, sábado. As primeiras famílias começaram a ser atingidas pelas cheias dos rios Tocantins e Itacaiunas ainda na quinta-feira, 12.

O coordenador da Defesa Civil, Jairo Milhomem, diz que há mais de 130 famílias cadastradas para receber abrigos. (Foto: Zeus Bandeira)

Desde a tarde da quinta-feira, 12, a Defesa Civil Municipal começou a construção dos alojamentos no estacionamento da Colônia Z-30, na Orla do Rio Tocantins. Inicialmente, foram construídas 40 barracas para os casos emergenciais, ou seja, aqueles para os quais as famílias estão cadastradas e a água já invadiu as suas residências. Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, Jairo Milhomem, há a possibilidade de o número de abrigos ser ampliado para 50 naquele local, caso a demanda aumente.

“Já temos mais de 100 famílias cadastradas, mas nem todas virão para os abrigos, pois algumas apenas realizaram o cadastro preventivo. Outras já decidiram não se retirar ainda, devido a água ainda não ter alcançado sua casa, ou em outros casos a família decidiu ir para casa de parentes, amigos ou mesmo aluguel. Asseguramos que todas as famílias cadastradas serão atendidas, conforme a demanda for surgindo”, garante Jairo.

Leia mais:

A área mais afetada pela cheia dos rios foi o Bairro Santa Rosa, no Núcleo Marabá Pioneira, principalmente na localidade do campo do Del Cobra. A Defesa Civil informou que aquela região foi a que mais reuniu famílias desabrigadas. Para ajudar no translado para o abrigo, os moradores contaram com três caminhões da Prefeitura e mais três do Exército Brasileiro.

O Exército disponibilizou três caminhões para dar apoio à mudança das famílias. (Foto: Zeus Bandeira)

A dona de casa Josuane Costa conta que nasceu e se criou no Santa Rosa e hoje vive no Del Cobra, mas com o aumento do nível do rio, sua casa foi tomada pela água e ela precisou ir para o abrigo junto com o esposo e os cinco filhos. “Na terça-feira eu já percebi que a água estava se aproximando, e como moro perto de uma vala, ela começou a encher, fazendo com que ontem (quinta-feira), a água já invadisse minha casa”, conta Josuane.

Ao perceber a chegada da cheia do rio, a dona de casa procurou a Defesa Civil para fazer seu cadastro. “Não perdi tempo e na quinta-feira mesmo já fui até lá (Defesa Civil), me cadastrei e hoje estou só aguardando o meu barraco ficar pronto”, disse a dona de casa.

Outros moradores, como Francisco Nogueira, chegaram há pouco tempo no Santa Rosa, e estão enfrentando pela primeira vez a peleja de ter que sair de sua casa por conta da enchente. Vivendo há três anos na Rua São Pedro, essa é a primeira vez que Francisco precisa deixar sua casa, já que a água deixou sua rua intrafegável.

“Na verdade, lá em casa sempre teve água, pois ela é feita de assoalho. E para chegar lá precisa passar por uma área funda e a água já alagou essa via. Não temos mais acesso. Por isso, fizemos nosso cadastro e hoje estamos aqui aguardando tudo ficar pronto para trazer nossas coisas”, conta Francisco.

Abrigos, cadastro e revolta da Colônia

Os abrigos são construídos com madeira de compensado, palha e telhas e, segundo a Defesa Civil, além do estacionamento da Colônia Z-30, também haverá abrigos na Obra Kolping no Bairro Belo Horizonte e no campo do Xaxuricão, na Folha 33, no Núcleo Nova Marabá.

Para realizar o cadastro, as famílias devem levar Registro Geral (RG) e o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) para a Defesa Civil, onde informarão também a localidade em que residem e assim, os encaminhamentos para a mudança serem feitos.

Abrigo construído às pressas tem capacidade para receber apenas 50 famílias / Foto: Breno Pompeu

REVOLTA? ESPAÇO NÃO É PÚBLICO?

A construção dos abrigos no estacionamento da Z-30 não agradou a todos. Indignado com a ocupação do espaço, o presidente da Colônia de Pescadores, Edivaldo Ribeiro, conversou com a Reportagem do Correio de Carajás e alegou que o espaço é utilizado pelos pescadores há 30 anos para seus trabalhos.

“Precisamos dessa área para trabalhar com nosso pescado, e a Defesa Civil simplesmente chegou aqui e construindo esses abrigos. Nós precisamos desse espaço, se não, onde vamos trabalhar? Gostaria de saber também, por que esse local foi utilizado e não o estacionamento à esquerda?”, questionou Edivaldo.

O Correio de Carajás procurou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, para apresentar a indignação de Edivaldo. Em nota, foi informado que os estacionamentos da Z-30 são áreas públicas e que há vários anos são construídos os abrigos ali para as famílias desalojadas. Sobre o uso do estacionamento à esquerda, Jairo informou que ele só será utilizado caso a demanda aumente e novos abrigos precisem ser construídos. (Zeus Bandeira)