Os corpos de Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara, encontrados pelas equipes de busca da Polícia Federal dentro da reserva indígena de Parakanã ainda não haviam sido liberados pelo IML de Marabá, até às 22h30 deste sábado (30/4). A liberação deve acontecer na madrugada de domingo e o velório será coletivo, com os três caixões na sede da Câmara de Novo Repartimento. Na cidade, após o reconhecimento dos corpos, o clima é de consternação e revolta pelo assassinato dos homens.
Aos poucos, também vão surgindo mais detalhes sobre o crime, os quais são estarrecedores. Segundo os familiares ouviram das equipes de busca, os corpos foram encontrados enterrados na mesma cova, um sobre o outro e todos deitados com o rosto para a terra. Também estavam com as mãos atadas para trás, assim como as pernas amarradas. Mais cruel, ainda, é que os familiares acreditam que os três foram torturados e enterrados ainda vivos.
Apesar disso, apenas os relatórios da perícia criminal e do Instituto Médico Legal vão poder esclarecer, realmente, as circunstâncias e causa das mortes, assim como a possível tortura a que eles teriam sido submetidos.
Leia mais:As famílias aguardam a liberação dos corpos do IML de Marabá para o traslado de volta à cidade. Populares já preparam uma manifestação para este domingo pelas ruas da cidade para cobrar Justiça.
REMEMORE
Na manhã deste sábado (30/4), a Superintendência da Polícia Federal no Pará confirmou que as equipes de busca formadas por forças federais encontraram três corpos dentro da reserva indígena de Parakanã.
À tarde, com a participação de familiares, houve a identificação de que eram realmente os corpos de Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara, moradores de Novo Repartimento, desaparecidos desde 25 de abril, enquanto caçavam naquelas terras.
“Exames periciais estão sendo realizados, no local, por peritos criminais federais do Pará e de Brasília, sendo que a necropsia e identificação dos corpos serão realizadas por médicos legistas da Polícia Científica do Pará (em Marabá) e peritos criminais da Polícia Federal, para onde os corpos serão levados”, disse, na ocasião, o informe da Superintendência do Pará.
A investigação da PF contou com o apoio da Força Nacional de Segurança, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, e Polícia Rodoviária Federal, num esforço que envolve 150 homens.
ENTENDA
O juiz federal Heitor Moura Gomes, da Subseção Judiciária de Tucuruí, havia assinado ordem de busca e apreensão na área da Reserva Indígena Parakanã, em Novo Repartimento, para encontrar os três caçadores que estão desaparecidos dentro da área desde o domingo (25). A ordem judicial também determina a desobstrução do trecho interditado da BR-230 (Transamazônica), que foi ocupada um dia depois do desaparecimento. As buscas serão feitas pela Polícia Federal e Força Nacional.
A decisão judicial foi divulgada na noite desta quinta-feira (28), quatro dias depois do desaparecimento de Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara. Agora, os familiares e amigos dos rapazes, assim como moradores da área, que estavam ocupando a pista, liberaram o tráfego dos veículos, mas mantém acampamento nas imediações da Ponte do Peixe Frito, aguardando o resultado das buscas.
Segundo a decisão, as buscas se faziam necessárias porque existe o perigo iminente de conflito entre moradores da região e indígenas, que são acusados de estarem mantendo os caçadores em cárcere privado ou mesmo terem tirado a vida deles. Os indígenas negam a acusação, mas enquanto o caso não for desvendado o clima permanece instável entre as duas partes.
A ordem de busca e apreensão se estendia a toda a área de 325 mil ha da Reserva Parakanã, composta pelas aldeias Paranatinga, O’Ayga, Paranowaona, Itaoenawa, Itaygara, Paranoawe, Paranoita, Paranoa, Maroxewara, Inaxyganga, Itapeyga, Paranoema, Itaygo’a, Inatarona, Xaraira, Xataopawa, Parano’ona e Arawayaga. (Da Redação)