Correio de Carajás

No meio do pitiú da pandemia, Marabá registra 100 mortes por coronavírus

A região de Carajás é uma das mais incidentes, atualmente, em número de casos do novo coronavírus no Estado do Pará. Não por menos. Nos 21 municípios que compõem o 11º Centro Regional de Saúde da Sespa, com sede em Marabá, 291 pessoas morreram com covid-19 desde o início da pandemia.

Marabá (100), Parauapebas (76) e Tucuruí (50) – nessa ordem – respondem pelo maior número de casos. Mas a morte chegou a praticamente todos os 21 municípios, com exceção de três: Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia e Piçarra.

Marabá está no meio do pitiú da pandemia. Dos 291 óbitos registrados na região de Carajás, pelo menos 36% ocorreram no município polo, onde há três hospitais públicos e dois privados atendendo pacientes (incluindo um Hospital de Campanha com 120 leitos).

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Mas toda essa rede hospitalar não simboliza garantia de permanência da vida. Mas grande parte dos residentes em Marabá faz parte de grupos de risco. Dos 100 óbitos registrados, 64 eram idosos, pessoas com idade acima dos 60 anos.

Parauapebas é o segundo município com mais casos registrados no Pará: 3.313, ficando atrás apenas de Belém (12.689). A Capital do Minério pode se orgulhar de ser a cidade que mais aplica testes para covid-19 no interior, por isso consegue testagem em grande quantidade, tanto por teste rápido quanto por PCR.

Em Parauapebas, a cidade campeã de testagem no interior, o índice de letalidade não é tão alto quanto Marabá. Na vizinha prima rica morreram 76 pessoas com covid-19 até esta terça-feira, dia 2.

Pebas passou por dois isolamentos totais (lockdown) como medidas para combater o avanço de infectados pela doença. No entanto, viu o número de casos subir expressivamente após aderir ao teste rápido em massa, feito tanto em casa, quanto em drive-thru. Outra medida da prefeitura tem sido a distribuição de máscaras de tecido à população.

Entre os municípios pequenos, o mais preocupante é São Geraldo do Araguaia, que notificou 16 casos de coronavírus e oito pacientes morreram. O município, vizinho de Xambioá (TO), tem dois agravantes: recebe um grande fluxo de visitantes em função da travessia da balsa sobre o Rio Araguaia, na BR-158, e, além disso, o Hospital Municipal não está funcionando, o que acaba sendo um dilema para a população.

SRAG SOBE 900%

As hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos 21 municípios da região de Carajás chegaram a 1.105 casos nos cinco primeiros meses deste ano. SRAG é um conjunto de sinais e sintomas que exige internação e é causada por um vírus, seja ele o novo coronavírus, o influenza ou outro.

Na comparação com todo o ano de 2019, o número representa um aumento de 900%. O dado é apontado como um dos mais importantes indicadores da subnotificação que a maioria dos municípios da região enfrenta. As informações são do SIVEP Gripe, um sistema de informação do Ministério da Saúde.

Marabá é – mais uma vez – um caso clássico de falta de notificação de síndrome respiratória aguda grave. Em todo o ano de 2019, o município registrou apenas dois casos de SRAG. Parauapebas, que vem sendo exemplo na maior parte dos quesitos, notificou 58 pessoas ao longo do ano.

Neste ano, até agora, Marabá notificou 332 casos de SRAG, enquanto Parauapebas 316. Tucuruí foi a 132 e Canaã dos Carajás 70.

De todos os 21 municípios da região, São João do Araguaia registrou cinco casos de covid-19, com um óbito. Apesar de estar colado em Marabá, São João tem conseguido se manter quase blindada durante o longo período de pandemia.