Correio de Carajás

No Dia do Treinador, técnico do Águia fala sobre sua jornada no time

Comandante do Águia de Marabá para esta temporada é jovem, mas tem a confiança da diretoria como nome hábil para a missão

Mathaus afirma que o momento atual é sua maior realização profissional/ Fotos: Evangelista Rocha

Desde 1993, o Dia do Treinador de Futebol é comemorado em 14 de janeiro. Também chamado de professor, esse profissional atua à margem do gramado, trabalhando sob pressão, principalmente da torcida. Em alusão a essa data, tão representativa para o país do futebol, o Correio de Carajás entrevistou Mathaus Sodré, 35 anos, atual treinador do Águia de Marabá. 

Paulista de nascimento, Mathaus Cardoso Sodré corre pelos campos de futebol desde os seus primeiros passos. O pai – que hoje é seu auxiliar técnico – foi jogador do Portuguesa de Desportos, onde conheceu a mãe do treinador. A família cresceu ali e o laço afetivo com o time se fortaleceu. Em sua segunda passagem pelo Águia, Sodré compartilhou com a Reportagem do Correio detalhes sobre sua vida profissional.

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Correio de Carajás – Como era o teu laço com o futebol, antes de se tornar treinador?

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Mathaus Sodré – É um laço que vem desde pequeno. Meu pai foi jogador de futebol, aí trabalhou também em comissões técnicas e eu fui crescendo junto. Acabei criando esse amor pelo esporte, pela profissão e hoje invertemos um pouquinho o papel, ambos do mesmo lado, e trabalhando juntos. Eu cheguei a jogar futebol, uma breve passagem. Disputei o campeonato baiano na primeira divisão, passei pelas categorias de base. Logo resolvi parar e dei continuidade do outro lado.

Correio – Como foi o trabalho em outros times?

Mathaus – Eu tive a primeira oportunidade na Portuguesa, fiquei lá quase cinco anos, fui auxiliar técnico do sub-20. Surgiu uma oportunidade para ser treinador do sub-15, sub-17 e aí no sub-20, onde eu conheci o Maurício Copertino – um grande nome do futebol – ele gostou do meu trabalho e acabou me levando para a China, tive um grande destaque de poder estar ao lado dele. Retornei (ao Brasil) e tive a oportunidade de trabalhar no Oeste e foi uma grande escola, principalmente de base. Eu conheci o Gesiel Pasiani, que é um cara que tem uma história aqui no Águia e ele me fez um convite. Na época, o João Galvão era o treinador, eles gostaram do meu nome e eu acabei vindo para cá em 2021. Foi onde conheci o Pedrinho, o Ferreirinha, eles viram um pouco do meu trabalho. Retornei para São Paulo, recebi uma ligação e hoje estou aqui, muito feliz com essa oportunidade.

Correio – Qual o maior desafio como treinador?

Mathaus – Olha, desafio sendo treinador e sendo auxiliar, eu digo que é o mesmo. Claro que o comandante acaba tendo um poder maior, mas nós pegamos um grupo muito bom de trabalhar, uma equipe técnica, um “staff” que eu já conhecia em sua maioria, o que ajudou a tomar a decisão de escolher o Águia – como o Águia me escolheu. Eu acho que o desafio mesmo vai ser o dia a dia, para escolher a melhor situação para começarmos e terminarmos bem o campeonato.

Correio – E qual a maior diferença entre treinar o Águia e treinar outros times?

Mathaus – A grande diferença é por ser uma equipe profissional. Porque você tem uma responsabilidade muito grande na categoria de base, onde você mexe com o sonho do atleta de ser jogador de futebol, tem que ter cuidado nessa linha. No profissional é diferente, já são homens, já sabem da grande dificuldade, da responsabilidade. Então eu acredito que seja essa diferença mais visível.

Correio – E como é o relacionamento com os jogadores? Muito profissional ou tem aquele momento de diversão, de brincadeiras?

Mathaus – Eu costumo ser um cara muito tranquilo, muito amigo – digamos assim. Claro que tem momentos que a gente precisa deixar isso de lado, até por ser um treinador jovem, graças a Deus todos os times que eu passei ninguém confundiu isso, todos me respeitaram da melhor forma possível.

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Correio – Como é a rotina de treinamento do time?

Mathaus – É uma rotina simples, na verdade onde pega mais, ainda mais agora que eu estou trabalhando com o meu pai como meu assistente, é que a gente trabalha mais em casa. A comissão técnica faz uma reunião pré e pós treino, a gente olha os jogadores que estão disponíveis, fazemos nossa análise e cronograma de treinamento. E quando o treino acaba, já avisamos do próximo e, consequentemente, o que a gente sentiu que eles têm dificuldade, o que a gente precisa melhorar. Aí no dia a dia buscamos essa evolução, tanto deles quanto nossa, para conquistarmos nosso grande objetivo. E aí quando chega em casa, como você tem um parceiro lá também, não acaba nunca e a gente fica falando de futebol até praticamente a hora de dormir.

Correio – Como está sendo a recepção da torcida?

Mathaus – Eu particularmente não tenho muito o que reclamar do torcedor, ele quer ver o resultado. Eu sei da responsabilidade que é substituir o Wando, que é um grande ídolo tanto dentro quanto fora de campo e fez uma campanha muito importante com o Águia, valorizo isso demais. A gente sabe que o torcedor, durante os 90 minutos, é entre o amor e o ódio, não tem jeito. A recepção na rua, quando o pessoal me encontra, é muito carinhosa e espero poder deixá-los felizes.

Correio – Qual é a sua maior realização profissional até o momento?

Mathaus – Eu acredito que é agora. É um momento muito importante para mim, assumindo meu primeiro clube profissional como treinador e tendo do meu lado uma pessoa que deu esse empurrão, que é o meu pai, sendo meu auxiliar técnico. Acredito que esse seja o grande momento da minha carreira. (Luciana Araújo)