A exposição fotográfica da 14ª edição do projeto Ver-a-cidade tem um brilhante lançamento em Marabá. Sob o tema “entre ruas e rios”, a amostra reune mais de 180 fotografias, inscritas por 68 artistas.
A noite especial de lançamento aconteceu na sexta-feira, 26, na Galeria de Artes Vitória Barros, organizadora do projeto e do evento. O espaço está localizado no bairro Novo Horizonte, Núcleo Cidade Nova.
Em conversa com o CORREIO, Vitória Barros, artista plástica e fundadora da Galeria, fala sobre a emoção do momento, principalmente ao comentar sobre dois homenageados: Glauco Brito e Nelson Jean (in memoriam).
Leia mais:Sobre Glauco, ela destaca que é um participante assíduo do Ver-a-cidade e alguém com um olhar único para a fotografia. “É uma pessoa que agrega esse lado poético dele de ver a cidade, as nuances de natureza com o conhecimento de agrônomo que ele tem”, manifesta.
A homenagem póstuma a Nelson Jean, professor, cientista social e skatista falecido em 2023, acontece através da exposição de suas fotografias. Seus registros capturavam principalmente as enchentes marabaenses e foram cedidos à exposição graças a uma parceria da Galeria com a organização do Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira (Cinefront).
“Ele também era um participante ferrenho, tinha um trabalho muito bom sobre as cheias e gostava de mostrar isso. O trabalho dele é muito interessante e bonito”, exalta Vitória.
Isabela Jean, filha de Nelson, homenageou o pai com a exposição de um texto repleto de amor e sensibilidade.
As fotografias do Ver-a-cidade ficam à mostra até o mês de julho e, após ser retirada, a galeria será preparada para sua programação do segundo semestre, que já está repleta de exposições agendadas.
VOZES DA FOTOGRAFIA
Em conversa com a reportagem, o veterano Glauco Brito Filho expressa em palavras o sentimento que reflete através das lentes.
“O projeto Ver-a-cidade é de fundamental importância para Marabá, porque esta é uma cidade que vem passando por uma transformação constante e ao longo desses 10 anos, com as fotografias, é possível perceber essas mudanças”.
Para ele, capturar a metamorfose da cidade através dos registros fotográficos é também uma maneira de dialogar com o povo marabaense e de aproximar as pessoas da existência física do lugar. A arte de capturar imagens estáticas também é responsável por decifrar os mistérios tecidos entre as ruas e instigar prosas com a sociedade.
Ele externa que participa do projeto sempre que pode e que é grato pela homenagem que recebeu este ano. Glauco é agrônomo e relata que durante suas andanças a trabalho costuma aprisionar momentos que percebe pelo caminho.
“Para participar basta ser amante da fotografia, seja você profissional ou não. Meu trabalho me levou a fazer fotografia e usá-la como arte, principalmente por conseguir ver no ambiente por onde ando algumas situações. Tenho a visão artística naquele momento e vejo possibilidades de registrá-lo”, discorre.
Assim como Glauco, quem expõe três retratos na Galeria é Natali Nery Santos, enfermeira baiana que, junto com o esposo, chegou em Marabá há quatro meses. Seu encantamento pela cidade é capturado nos registros que fez do marido em frente à Biblioteca Orlando Lima Lobo, onde antigamente era o Mercado Municipal.
“Foi uma honra e alegria imensa poder participar da amostra, é um acontecimento lindo que protagoniza a fotografia de uma forma valorosa, que dá ênfase à identidade existencial de Marabá”, elabora.
Realizada, Natali traduz seu amor pela fotografia nas palavras que compartilhou com a reportagem do CORREIO e afirma que o sentimento que ela transbordou com sua participação foi inesperado.
“Até então meu exercício fotográfico sempre foi muito íntimo, privativo, porque os lugares onde eu passei infelizmente não tinham um solo fértil para que a gente possa participar de uma cena em que se valoriza esse tipo de arte. Eu fiquei muito feliz de ter conhecido a Vitória e realmente foi um momento de alegria, luz e cor”, celebra.
SEMANA NACIONAL DOS MUSEUS
Entre os dias 13 e 19 de maio, a Galeria de Artes Vitória Barros participa do circuito da “22ª Semana Nacional dos Museus”, com uma programação que promete enriquecer ainda mais o cenário cultural de Marabá.
Além da exposição Ver-a-cidade, o espaço deve oferecer palestras, roda de conversa e oficinas de contação de história.
“O tema deste ano é ‘Museus: educação e pesquisa’, que tem tudo a ver com o Ver-a-cidade. O projeto tem um acervo de mais de 3.000 registros da cidade e muita gente vai lá pesquisar, ver toda a história que está gravada”, elabora Vitória Barros. (Luciana Araújo)