Correio de Carajás

Neoplasias gástricas benignas

Atualização 1 de julho de 2025 por Redação

As neoplasias gástricas podem ser divididas em benignas e malignas. As benignas são sinalizadas, na maioria das vezes, por pólipos, que são encontrados incidentalmente na endoscopia digestiva alta (EDA). Eles são achados em 6% dos procedimentos, pois a maioria são assintomáticos.

Alguns dos fatores de risco dos pólipos gástricos são Helicobácter pylori, gastrite atrófica, inibidores da bomba de prótons e síndromes familiares. A abordagem inicial deve abranger a avaliação histológica do pólipo e da mucosa circundante.

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A polipectomia (retirada do pólipo) deve ser realizada em todos os pólipos com características neoplásicas ou com diâmetro maior ou igual a 1 cm. Quando há múltiplos pólipos, deve ser escolhido o maior para ressecção. Além disso, colher biópsia dos outros pólipos.

Para estudo da mucosa, no Brasil, é colhido de 5 amostras, duas em antro, uma em incisura angular e duas em corpo gástrico. O objetivo desse estudo é avaliar presença de displasia e de Helicobácter pylori.

De acordo com essa avaliação, os pólipos serão divididos em: Pólipos hiperplásicos,  pólipos de glândulas fúndicas, adenomas gástricos, e pólipos fibroides inflamatórios.

Pólipos hiperplásicos: contabilizam 75% dos pólipos em área comum com H. pylori. Advém de condições inflamatórias crônicas, como gastrite atrófica, anemia perniciosa, local com gastroenterostomias, úlceras e erosões. Diagnosticados incidentalmente, pois não manifestam sintomas, mas raramente ocorre sangramento oculto ou obstrução intermitente (quando pedunculados em antro).

Suas características são lisos, variando de 0,5 a 1,5 cm, e são encontrados no corpo, cárdia, fundo e antro. Seu potencial maligno é aumentado em pólipos maiores de 1 cm e pedunculados. Então, normalmente, em pólipos medindo maior de 0,5 cm já são ressecados, com estudo da mucosa para ver o grau de displasia.

Se detectado H. pylori, tratar para erradicação. Para controle dos pólipos e da infecção, realiza-se EDA com 3 a 6 meses após o tratamento. Se o paciente for de alto risco de câncer gástrico (obtiver em biópsia atrofia difusa com metaplasia intestinal ou tiver história familiar), é assistido com endoscopias em intervalos regulares de um a dois anos.

Pólipos de glândulas fúndicas: um dos fatores ligados a eles é o uso de inibidores de bomba de prótons (IBP). Sua etiologia é considerada esporádica, mas ocorre associação com síndromes de polipose, como polipose adenomatosa familiar (PAF), adenocarcinoma gástrico, polipose proximal do estômago (GAPPS) e polipose associada a MUTYH (PAM).

Esse tipo de pólipo ocorre em 20% a 100% dos portadores de PAF. Além dessas associações, pode ocorrer também com síndrome de Zollinger-Ellison, gastrinoma e longo uso de IBP. Há estudos que citam a infecção por H. pylori como um fator protetor para esse tipo de pólipo.

Geralmente, são assintomáticos, quando aumentam de tamanho pode causar obstrução, dor abdominal ou vômitos. A vigilância com EDA é indicada apenas para pacientes com diagnóstico de PAF (indicado uma colonoscopia também).

Adenomas gástricos: são responsáveis por 6-10% dos pólipos gástricos, considerados mais comum. Sua etiologia é ligada a gastrite atrófica crônica, podendo ocorrer na PAF, apesar de raro. Comumente, não manifestam sintomas, podendo causar sangramento oculto.

Suas características são menores de 2 cm, solitários e encontrada em antro (maior número), corpo ou cárdia. Os adenomas são precursores do adenocarcinoma em 8-59% dos casos. Por isso, todos esses pólipos devem ser ressecados endoscopicamente ou se houver múltiplos adenomas ou carcinoma invasivo é necessário cirurgia (que será discutido mais à frente).

Se for detectado H. pylori, deve ser tratado. A vigilância deve ser feita com 1 ano após a ressecção e, se o paciente for considerado de alto risco para câncer, é repetido por tempo indefinido.

Pólipos fibroides inflamatórios: são extremamente raros, contabilizando < 0,1% dos pólipos. A conduta é ressecção endoscópica com ótimo prognóstico, sem necessidade de acompanhamento.

 

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.