Correio de Carajás

Neoplasias colônicas malignas

Os casos novos de câncer colorretal estimado para o Brasil no ano de 2010 foi de 13.310 casos em homens e de 14.800 em mulheres. Esses valores corresponderam a um risco estimado de 14 e 15 casos novos a cada 100 mil homens e mulheres, respectivamente.

Esses tumores acometem o cólon esquerdo em 77,8% dos casos, destacando-se o cólon sigmoide (32,6%) e da sua junção com o reto (29,0%). Mais de 80% dos pacientes têm mais de 50 anos, tendo como idade média 60,6 anos.

O subtipo mais frequente é o adenocarcinoma, presente em 95% dos casos, cujo risco de desenvolvimento é ainda mais elevado nas síndromes de pólipos hereditários. Contudo, cerca de 90% desses tumores originam-se esporadicamente de adenomas polipoides. Vários estudos vêm comprovando a sequência adenoma-carcinoma (Mucosa Normal →Epitélio Hiperplásico →Adenoma →Câncer) na carcinogênese colônica.

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Os fatores de risco são: idade superior a 50 anos, aumentando sua incidência a cada década a partir dessa idade. Raça negra. Presença de doença anorretal benigna. Dieta rica em calorias, gordura animal e carboidratos refinados. Diabetes: maior incidência e pior prognóstico. Doença inflamatória intestinal. Obesidade e sedentarismo. Tabagismo e etilismo. História familiar de câncer de colorretal. Pólipos adenomatosos. Síndromes hereditárias (HNPCC e PAF).

Os fatores de proteção são: A triagem proporciona a detecção precoce, melhorando o prognóstico. Atividade física. Ingestão de folato, cálcio e vitamina D. Aspirina. Terapia hormonal pós-menopausa.

O cirurgião direciona importante atenção a manifestações clínicas como: Dor abdominal. Massa abdominal palpável. Sangramento retal. Emagrecimento. Facilmente confundido com fenômenos dispépticos. Assintomático quando precoce.

A sintomatologia depende da localização do tumor: Cólon direito: Lesões costumam cursar com ulceração. Melena. Anemia ferropriva. Raramente causam sintomas obstrutivos. Sangramento intermitente, podendo ter teste de sangue oculto nas fezes negativo. Cólon esquerdo: Sintomas obstrutivos. Alteração do hábito intestinal. Perfuração.

Diagnóstico depende: Anamnese: Geralmente pacientes acima de 50 anos. Sangramento retal. Anemia. Emagrecimento. Alteração do hábito intestinal. Dor abdominal. História familiar. Fatores de risco. O diagnóstico também depende do exame físico: Todos os pacientes com o quadro descrito acima devem ser submetidos ao toque retal, mesmo os com menos de 50 anos. Toque retal: evidência de lesão ulcerada vegetante próximo à mucosa normal.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes: Teste negativo tem valor limitado. Teste positivo determina a realização de uma colonoscopia. Alto índice de falsos negativos e falsos positivos. Deve ser feito anualmente ou a cada 5 anos juntamente com a retossigmoidoscopia.

A Retossigmoidoscopia flexível: Atinge a flexura esplênica dos cólons, onde localizam-se cerca de 70% das lesões. Detecção de um pólipo, torna obrigatória a realização de uma colonoscopia. A ⁠Colonoscopia é o exame padrão-ouro para a detecção tanto de CCR, quanto de pólipos. Propicia a terapêutica de pólipos e permite a coleta de material.

Os exames complementares: Biópsia por meio de retossigmoidoscopia flexível ou colonoscopia. Hemograma completo: avaliar presença de anemia ferropriva. Dosagem de enzimas hepáticas: avaliar possíveis metástases. O antígeno carcinoembrionário (CEA) não tem valor diagnóstico, mas pode ser usado no prognóstico e no controle de recidivas.

Em relação ao tratamento o melhor tratamento para neoplasias colônicas é a ressecção. A proposta cirúrgica na maioria das vezes é curativa, mas a depender o avanço da doença, pode haver intenção paliativa.

O objetivo da cirurgia é a remoção do câncer primário com margens adequadas e linfadenectomia regional. A extensão da ressecção é determinada principalmente pela localização do tumor. A quimioterapia pode trazer benefícios para alguns pacientes com CCR.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.